"Não tenho nenhum alinhamento com Bolsonaro", diz vereador do PSL
Resumo da notícia
- Miliciano Adriano da Nóbrega foi morto hoje em confronto com a polícia
- Ele estava escondido em uma chácara do vereador Gilsinho de Dedé (PSL), em Esplanada (BA)
- Vereador nega ter conhecimento do esconderijo de Adriano
- Também disse que se filiou ao PSL para ter mais chance de vencer a eleição
Dono da chácara onde o miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega foi morto hoje, em Esplanada (BA), o vereador Gilson Lima (PSL) afirmou que só se filiou ao PSL para ter mais chance de ganhar as eleições e que não tem nenhum "alinhamento" com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Conhecido como Gilsinho de Dedé, ele também disse que não sabia sobre o esconderijo do ex-policial militar.
"Não tenho nenhum alinhamento com o presidente. Estou no PSL por uma questão local. À época em que fui eleito, o PSL em Esplanada era aliado do governo local [do PT]. Nunca tive contato com a Executiva do partido. Foi uma questão de viabilidade para disputar a eleição", afirmou por telefone.
Bolsonaro e seus filhos foram eleitos pelo PSL em 2018 e deixaram o partido no fim do ano passado para criar uma nova legenda, a Aliança pelo Brasil.
Gilsinho de Dedé foi eleito em 2016, em uma coalização formada por PSL, PRTB e PCdoB.
Ele afirmou que está fora da Bahia desde terça-feira (4) e que não conhece detalhes sobre a operação que resultou na morte de Adriano.
"Recebi uma ligação do meu vizinho, que tem uma casa bem próxima à minha chácara. Ele relatou que parecia haver um assalto, porque viu policiais chegando lá e porque estava ocorrendo troca de tiros. Perguntou se eu sabia o que estava acontecendo, respondi que não", disse.
"Entrei em contato com algumas pessoas, mas ninguém sabia do que se tratava. Entrei em contato com o delegado da cidade, e ele disse que sabia da ocorrência, que foi operação de uma polícia especializada, feita via SSP [Secretaria da Segurança Pública], mas que a delegacia não tinha participado. Eu disse que estaria à disposição, se pudesse ajudar em qualquer coisa. Depois disso, o que sei do fato ocorrido é o que li na imprensa. Ninguém me procurou para falar nada", afirmou.
Caso Marielle e amizade com Flávio Bolsonaro
Ex-policial militar do Rio de Janeiro, Adriano foi morto em confronto com forças de segurança da Bahia, na manhã de hoje.
Na corporação, fez amizade com Fabrício de Queiroz, que trabalhou como assessor do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), quando este foi deputado estadual. Anos depois, Queiroz indicou a mãe e a mulher de Adriano para trabalhar no gabinete do filho mais velho do presidente da República.
Segundo o MP (Ministério Público) do Rio de Janeiro, Queiroz usou contas bancárias controladas por Adriano para lavar parte dos recursos obtidos em um suposto esquema de "rachadinha" no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).
Adriano chegou a ser homenageado por Flávio Bolsonaro com a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa. Era o ano de 2005, e ele estava preso sob acusação de cometer homicídio.
O ex-policial foi acusado de comandar a milícia de Rio das Pedras, zona oeste da capital fluminense e já foi investigado por suspeita de envolvimento nas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A linha de investigação, no entanto, não evoluiu.
Capitão Adriano entrou para a PM fluminense no ano de 1996. Quatro anos depois, concluiu o curso de operações especiais do Bope.
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