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Segurança de Adriano detido em operação entregou seu paradeiro à polícia

Adriano da Nóbrega era apontado como um dos chefes da milícia Escritório do Crime - Reprodução
Adriano da Nóbrega era apontado como um dos chefes da milícia Escritório do Crime Imagem: Reprodução

Alexandre Santos

Colaboração para o UOL, em Salvador

10/02/2020 16h33

Um homem preso sob suspeita de atuar como segurança de Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano, morto em operação policial na manhã de ontem em Esplanada, a 171 km de Salvador, foi o responsável por apontar a chácara em que o ex-PM estava escondido, na zona rural da cidade.

A informação foi divulgada hoje por Maurício Barbosa, secretário de Segurança Pública da Bahia, em entrevista à TV Bahia, e confirmada pelo UOL. Segundo ele, o suspeito, cuja identidade não foi revelada, estava armado no momento em que foi detido na chácara.

A possível ligação do segurança com Adriano e a suspeita de que o ex-PM lavava dinheiro com compras de animais e terras serão apuradas pelo Draco (Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado) da Bahia. Já a conduta dos PMs envolvidos na operação será apurada pela Corregedoria da Polícia Militar.

O segurança disse desconhecer o histórico criminal de Adriano, apontado como um dos chefes da milícia Escritório do Crime, investigada por ligação com as mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes. De acordo com Barbosa, ele responderá por favorecimento pessoal, porte ilegal de arma e lavagem de dinheiro.

O secretário voltou a reagir à ilação de que a morte de Adriano na operação policial tenha sido "queima de arquivo". Barbosa defendeu que o trabalho da polícia seja respeitado pelo "profissionalismo" na ação que culminou na morte do ex-PM. Em vídeo divulgado divulgado na tarde de hoje, o secretário afirmou que a pasta atuará com "máxima agilidade e total transparência".

Sem citar nomes, Barbosa disse lamentar que o caso esteja sendo usado de forma política por "alguns". "Gostaria de ressaltar que não há nenhum interesse por parte da Secretaria de Segurança, por parte da Polícia Militar, querer esconder qualquer tipo de crime cometido por Adriano e sua quadrilha e o envolvimento dele com qualquer tipo de crime."

"Estávamos diante de uma pessoa de alta periculosidade, envolvida em diversos crimes e com treinamento de tiro, pois chegou a ser um policial de operações especiais. Óbvio que queríamos efetuar a prisão, mas jamais iríamos permitir que um dos nossos ficasse ferido ou saísse morto do confronto", acrescentou Barbosa.

O secretário também disse que as equipes envolvidas agiram da melhor forma possível. "Temos que reconhecer a coragem e técnica dos policiais militares baianos destacados nessa missão."

A operação que terminou com a morte de Adriano envolveu equipes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da Bahia, da Cipe (Companhia Independente de Policiamento Especializado) Litoral Norte, da Superintendência de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública e agentes da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Vídeo mostra casa onde Capitão Adriano foi morto na Bahia

TV Folha

Celulares serão entregues à polícia do Rio

Adriano estava escondido em uma propriedade na zona rural na cidade de Esplanada. No momento do cumprimento do mandado de prisão, ele teria reagido com disparos de arma de fogo e foi alvejado. De acordo com a SSP-BA (Secretaria da Segurança Pública da Bahia), o ex-PM chegou a ser levado para um hospital da região.

Segundo a polícia, Adriano portava uma pistola austríaca calibre 9 mm —além dela, foram encontradas duas espingardas e um revólver. Investigadores que participaram da operação também encontraram no imóvel 13 aparelhos celulares, que estavam escondidos em diferentes cômodos da casa.

Maurício Barbosa disse que a pasta foi procurada para dar auxílio à Polícia Civil fluminense há cerca de 15 dias. Inicialmente, a informação repassada era de que Adriano estava hospedado com a mulher e familiares em um condomínio de luxo na Costa do Sauípe, litoral norte baiano. O ex-PM fugiu dias depois, enquanto seus parentes retornaram para o Rio.

A partir de então, as forças de segurança da Bahia passaram a monitorá-lo até descobrirem seu paradeiro na chácara. "Estamos oferecendo todo o material apreendido para que a polícia do Rio continue a sua investigação", disse Barbosa.