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Rocha que ficou de decoração de jardim por 25 anos é na verdade fóssil raro

Rocha que ficou de decoração de jardim por 25 anos é na verdade fóssil raro - Divulgação/Fundação do Meio Ambiente de Criciúma (Famcri)
Rocha que ficou de decoração de jardim por 25 anos é na verdade fóssil raro Imagem: Divulgação/Fundação do Meio Ambiente de Criciúma (Famcri)

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, de Porto Alegre

19/02/2020 20h27

O fóssil raro de uma árvore, que existiu há mais de 250 milhões de anos, foi encontrado hoje no quintal de uma casa em Criciúma, a 197 quilômetros de Florianópolis. A descoberta ocorreu quando uma equipe da Fundação do Meio Ambiente de Criciúma (Famcri) passava pela residência, no bairro Morro Estevão, e se deparou com as peças, que estavam colocadas junto à calçada. O morador da casa, que pediu para não ser identificado, contou que encontrou as rochas há cerca de 25 anos, durante uma obra de pavimentação no bairro.

Segundo Maurício Thadeu Fenilli de Menezes, geólogo da fundação, a árvore é do gênero Glossopteris e existiu no período Permiano, entre 250 e 290 milhões de anos. Nesta época, nem mesmo os dinossauros existiam. O primeiro fóssil desta árvore foi encontrado em 1908, em Criciúma, e acabou servindo para comprovar em 1913 a tese da deriva continental, ou seja, a separação dos continentes, como a América e a África.

Para comprovar o gênero do fóssil, os pesquisadores da fundação levaram em consideração dois fatores. O primeiro deles é a existência de carvão mineral em abundância na região de Criciúma, o que indica a existência de uma floresta por ali no passado. Além disso, foram analisados os anéis de crescimento do que já foi uma árvore.

A rocha encontrada é considerada rara devido às condições específicas para o processo de fossilização. Segundo o geólogo, é preciso ocorrer um soterramento repentino, com pouco oxigênio, o que impede o apodrecimento da planta. Além disso, é necessária a existência de pressão e temperatura adequadas para que a matéria orgânica seja substituída por mineral quartzo, processo que ocorre gradativamente durante milhões de anos.

"Os fósseis de plantas são restos ou vestígios vegetais preservados em rochas, como moldes de um tronco ou marcas de uma folha. Suas ocorrências são raras e restritas, mas de grande importância para o entendimento do passado", descreveu Fenilli.

Após a localização dos fósseis, as rochas foram levadas para o Centro de Educação Ambiental (CES), no Parque Ecológico José Milanese, que é aberto à visitação. Fenilli salienta que a comercialização de fósseis é proibida por lei.