Médica que morreu por covid no Rio comprava remédio para pacientes carentes
Sorridente, carioca da gema, amante do samba, professora, fisioterapeuta e médica que "tirava dinheiro do próprio bolso para comprar remédios para pacientes". Esses são alguns relatos que amigos usaram para definir a médica Magna Sandra Gomes de Deus, 61, que morreu no sábado vítima de covid-19 no Rio de Janeiro.
Magna trabalhava na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Irajá, na zona norte do Rio, e na Policlínica Regional Santa Maria, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Ela deixou uma filha de 22 anos.
Antes de se tornar médica, ela foi fisioterapeuta e também uma das primeiras professoras a dar aulas no curso de fisioterapia na PUC de Curitiba, onde trabalhou por pelo menos dois anos na década de 1980. De volta ao Rio, Magna se formou em medicina e atuava na área de clínica médica e tinha também formação em ginecologia.
Uma amiga enfermeira, que pediu para não ser identificada, disse que Magna se mudou para Maricá, na região metropolitana do Rio, mas que andava receosa com o avanço dos casos de covid-19. Ela temia se infectar e avaliava que a cidade não tinha estrutura adequada para tratar os pacientes.
A enfermeira contou ainda que Magna começou a ter febre no dia 11 de abril. Dois dias depois, ela começou a apresentar falta de ar e foi levada para um hospital em Niterói, também na região metropolitana, onde foi intubada. No sábado, ela não resistiu. Magna apresentava comorbidades como hipertensão, diabetes e obesidade.
"Minha amiga era maravilhosa e defendia quem fosse necessário, não admitia injustiça. Já comprou remédio do próprio bolso para paciente. Adorava juntar toda a equipe de médicos e enfermeiros para discutir casos clínicos. Isso fazia ela feliz, compartilhar seu conhecimento".
Um outro amigo, que trabalhou com Magna em Curitiba, também elogiou a médica. "É daquelas pessoas que passam e fazem história, deixando o exemplo como maior virtude. Era uma amiga, parceira e leal. Tinha a auto estima muito boa", disse Tadeu Nicoletti.
Profissionais contaminados
Segundo dados do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro), pelo menos 11 médicos morreram em decorrência de covid-19 na pandemia do novo coronavírus. Já o Coren (Conselho Regional de Enfermagem) informou que 9 profissionais da área faleceram por causa da doença. Outros quatro casos ainda são averiguados. De acordo com o órgão, quase 1.300 profissionais foram afastados e seguem em quarentena devido a suspeita de infecção.
Na semana passada, as secretarias estadual e municipal de saúde do Rio de Janeiro informaram que quase 2 mil profissionais estavam afastados das suas atividades por causa da doença. As pastas ainda não atualizaram os números de funcionários afetados.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde, responsável pela UPA de Irajá, disse que Magna estava "afastada do trabalho desde 17 de março, por força de uma licença médica sem qualquer relação com a covid-19".
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