No Rio, médica agredida participa de protesto e pede justiça
Um ato reuniu cerca de 200 pessoas, entre moradores e amigos, para protestar contra agressão a Ticyana Azambuja, 35, ocorrida no último sábado (30) no Grajaú, bairro da zona norte do Rio. A médica, que também participou da manifestação na Praça Edmundo Rêgo, a principal do bairro, pediu justiça e que casos como o dela não se repitam.
"Eles me derrubaram, mas vocês me levantaram. Não é pelo caminho da barbárie que resolveremos isso. Não desejo o que fizeram comigo nem para quem me agrediu. Precisamos mostrar que coisas como essa são inaceitáveis. É pelo caminho da justiça que tudo vai se resolver", disse ela.
Ticyana tocou a campainha da casa onde acontecia o "Baile da Covid" para pedir que diminuíssem o volume e respeitassem a vizinhança. Ao ouvir como resposta um palavrão, ela quebrou o retrovisor e trincou o vidro traseiro de um carro estacionado irregularmente na calçada em frente à casa.
Fotos registram as agressões sofridas pela médica Ticyana Azambuja
Em seguida, frequentadores da festa saíram da casa e começar a espancá-la. A médica teve o joelho esquerdo fraturado e sofreu lesões nas duas mãos, que foram pisoteadas pelos agressores. No muro ao lado da casa onde aconteceu a festa, uma unidade do Corpo de Bombeiros nada fez para conter a aglomeração irregular nem as agressões.
"O Grajaú não é olhado pela prefeitura, pelo governo, temos que levar isso a sério. É inadmissível uma mulher apanhar. Temos que resolver isso na Justiça", afirmou Nicinha, presidente da Amgra (Associação de Moradores do Grajaú).
O ato pacífico tinha em sua maioria mulheres moradoras do bairro e foi acompanhado de perto pela Guarda Municipal e Polícia Militar. Carros que passavam pelas vias em volta da praça buzinavam em apoio.
Dez minutos depois do início da concentração, Ticyana desceu de um carro e caminhou em direção à manifestação, sendo bastante aplaudida e emocionando às pessoas que estavam no local.
Protesto no Grajaú
O ato aconteceu a uma distância de menos de 1 km entre a praça —local de encontro dos manifestantes— e a unidade do Corpo de Bombeiros, ao lado de onde se deu a agressão. O UOL apurou que a casa onde foi realizada a festa é alvo de recorrentes reclamações de moradores.
Muitas pessoas acompanharam o ato também de suas janelas e varandas pelas ruas onde a manifestação era realizada. Moradores do bairro fizeram até mesmo um panelaço enquanto ocorria a passeata.
A caminhada começou com todos cantando a música "Apesar de você", de Chico Buarque, que fala implicitamente da falta de liberdades e supressão de direitos no contexto da ditadura militar no Brasil. Ticyana pediu que críticas a políticos e à PM fossem evitadas na manifestação, mas em coro, todos pediram a saída do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Em acordo com a família de Ticyana, a PM foi à frente do movimento garantindo a segurança do protesto. A presença da PM, inclusive, foi criticada por alguns presentes, já que no sábado, a corporação demorou a chegar ao local para parar a festa — algo não permitido durante a pandemia de coronavírus —, o que acabou ocasionando na agressão.
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