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Caso João Pedro: perícia aponta divergências sobre número de tiros na casa

João Pedro foi assassinado em maio - Reprodução/Twitter/@_danblaz
João Pedro foi assassinado em maio Imagem: Reprodução/Twitter/@_danblaz

Do UOL, em São Paulo

19/06/2020 08h51Atualizada em 19/06/2020 12h05

A perícia feita na casa onde o adolescente João Pedro Matos, de 14 anos, foi baleado, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, mostrou uma divergência entre a quantidade de marcas de tiros e os cartuchos recolhidos no local.

Segundo reportagem do jornal O Globo, que teve acesso ao laudo pericial, 64 marcas deixadas por projéteis foram indicadas. No entanto, foram encontrados apenas sete estojos, parte do cartucho expelido pela arma no momento em que o disparo é feito: três de calibre 9mm e quatro de 762.

"O número de estojos, de diferentes calibres, coligidos à hora dos exames periciais, em muito diverge dos impactos de projéteis de arma de fogo colimados por todo o cenário em tela", apontou o perito Thiago de Azevedo Hermida.

Segundo o jornal, havia mais estojos na cena do crime, mas eles foram retirados antes da chegada do perito. Os próprios investigados teriam sido os responsáveis por alterar o local. A reportagem informa que os policiais do Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) que fizeram disparos na casa entregaram estojos uma semana após o crime: 19 de calibre 556 — nenhum cartucho desse tipo foi achado na cena do crime pela perícia de local — e outros cinco de calibre 762.

No dia 25 de maio, além de entregar os estojos, os agentes mudaram suas versões sobre o número de tiros disparados e as armas usadas dentro da casa. Nesta ocasião, Mauro José Gonçalves, agente que mais deu tiros no imóvel, segundo O Globo, admitiu que atirou, dentro da casa, com um fuzil calibre 556, informação que tinha sido omitida no primeiro depoimento. A arma, que foi entregue à perícia uma semana após a morte do adolescente, tem o mesmo calibre do projétil encontrado no corpo de João Pedro.

Disparos feitos a partir do portão

Ainda segundo o laudo, a maior parte das marcas de tiro foi produzida por disparos feitos a partir do portão do terreno, por onde os policiais entraram no local.

O perito ressaltou no documento que todos os projéteis foram entregues à perícia pelos próprios investigados. A cena do crime, ainda segundo ele, foi "resguardada" por Gonçalves.

Segundo Hermida, o local de crime não estava preservado para o trabalho da perícia: "portão da garagem aberto, número de estojos divergentes a quantidade de impactos de projéteis, porta-malas do veículo na garagem aberto, desalinho dos objetos e atendimento à vítima".