Por que têm tanto medo?, questiona juiz retirado do caso Flávio Bolsonaro
O juiz Flávio Itabaiana relatou a pessoas próximas sua frustração com a decisão da Justiça estadual do Rio de Janeiro de tirar da vara da qual é titular a investigação sobre o possível esquema de "rachadinha" envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
De acordo com o jornal O Globo, a amigos, o juiz disse, pouco depois da sessão de ontem que mudou o foro do caso: "Por que eles têm tanto medo de mim?".
A 3ª Câmara Criminal do TJ (Tribunal de Justiça) do Rio retirou da primeira instância a investigação — envolvendo também Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio — e a remeteu para o Órgão Especial do TJ (segunda instância). A defesa do senador havia pedido a transferência alegando que, por ser deputado estadual quando as investigações foram iniciadas, Flávio tinha direito a foro privilegiado.
Por 2 votos a 1, a solicitação foi atendida ontem pelos desembargadores.
Itabaiana afirmou que não esperava ter de deixar agora o caso mais importante em 25 anos de magistratura. Segundo o jornal, pessoas que procuraram o juiz, após a decisão de ontem, disseram que o magistrado alegou ter se mantido "firme" e "com paciência" enquanto presidiu o caso.
Desde que o assumiu, em 15 de abril de 2019, o titular da 27ª Vara Criminal da Capital se viu sob forte pressão, que incluiu duas ações da Corregedoria-Geral de Justiça em sua vara ao longo do inquérito.
O juiz evitou falar sobre o futuro do caso no Órgão Especial do Tribunal de Justiça.
Em conversas privadas, ele teria afirmado que colecionou alguns inimigos no Judiciário fluminense em decorrência das decisões que tomou, especialmente as de quebra de sigilo dos investigados, incluindo Flávio Bolsonaro, as de busca e apreensão e as recentes prisões de Fabrício Queiroz e sua mulher, Márcia Aguiar.
As defesas de Flávio Bolsonaro e de Fabrício Queiroz vão recorrer das medidas cautelares determinadas por Itabaiana nos últimos meses, como a quebra de sigilo bancário do senador e a prisão preventiva de seu ex-assessor.
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