RJ: aliado da Liga da Justiça, PM da ativa chefiava milícia na baixada
Resumo da notícia
- PM André Cabral foi preso pelos crimes de extorsão e formação de quadrilha
- Suspeito mantinha contato com Ecko e Tandera, chefões da milícia, aponta MP
- Irmão e sobrinho dele foram presos em flagrante com armas
- Força-tarefa contou com a participação de 80 agentes
André Cabral, policial militar da ativa preso preventivamente hoje (2) de manhã em Nova Iguaçu (RJ) pelos crimes de extorsão e formação de quadrilha, é suspeito de fazer parte do plano de expansão territorial da maior milícia do país para a Baixada Fluminense.
Apontado como o chefão de um grupo paramilitar, ele tinha ligações com Danilo Dias Lima, conhecido como Tandera, o responsável pelo avanço da antiga Liga da Justiça da zona oeste do Rio para as cidades vizinhas. Segundo o MP-RJ (Ministério Público do Rio), o policial —lotado no 39º BPM (Belford Roxo)— também se relacionava com Wellington da Silva, o Ecko, que chefia a milícia do Rio. Ecko e Tandera integram a lista dos criminosos mais procurados do país, divulgada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em janeiro.
Uma força-tarefa com a participação de cerca de 80 homens cumpriu o mandado de prisão e outros 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal de Nova Iguaçu.
A prisão do denunciado foi um passo muito importante no combate ao crime organizado que atua em Nova Iguaçu
Elisa Ramos Pittaro Neves, promotora da 2ª Promotoria de Investigação Penal de Nova Iguaçu
Na ação, os agentes também prenderam em flagrante por porte ilegal de armas Domingos Barbosa Cabral, irmão do PM, e seu filho, Marcos Vinicius Barbosa Cabral. Com Domingos, os policiais encontraram uma pistola 9 mm e um carregador. Marcos Vinicius foi detido com uma pistola e um revólver.
Polícia do Rio prende chefe de milícia
Os policiais também encontraram material para instalação de "gatonet" e caderno de anotações do serviço ilegal prestado em um cômodo de uma das propriedades de Domingos. De acordo com as investigações, o grupo atuava nos bairros Palhada e Valverde, em Nova Iguaçu.
A força-tarefa do Departamento Geral de Investigação à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro contou com apoio da Corregedoria Geral Interna da PM-RJ (Polícia Militar do Rio). Os agentes saíram da sede da DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense) para cumprir os mandados de prisão e de busca e apreensão.
A reportagem não localizou os advogados dos suspeitos para que eles pudessem se manifestar.
Movimentação de ao menos R$ 10 milhões por mês, estima MP
O UOL mostrou como o grupo se articulou, há três anos, para expulsar traficantes e ocupar os municípios da Baixada com o apoio de olheiros em esquema de plantão e homens armados que faziam rondas com carros adaptados com fuzis projetados para fora em um trecho de 18 km da BR-465, a antiga estrada Rio-São Paulo, que liga o Rio aos municípios da região.
Após o domínio territorial, o grupo criou "franquias" do crime em um território responsável por uma movimentação financeira de ao menos R$ 10 milhões por mês, segundo estimativa do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro).
A rota facilita o deslocamento dos chefões para locais afastados, como sítios nos municípios de Itaguaí e Seropédica, em áreas rurais.
Segundo investigações da Polícia Civil, Ecko e Tandera costumam se refugiar nessas áreas. Em maio de 2019, a Polícia Civil cumpriu um mandado de sequestro de bens em um haras de Tandera em Seropédica, avaliado em R$ 800 mil.
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