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Secretário diz que greve no metrô seria desumana; sindicato culpa governo

Do UOL, em São Paulo

28/07/2020 09h04

O secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Alexandre Baldy, disse hoje, em entrevista à TV Globo, que uma greve no metrô da capital paulista em meio à pandemia do novo coronavírus seria desumana. Em resposta, o representante do sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres, disse que a postura do governo nas negociações provocou a situação.

A greve foi suspensa na madrugada após um acordo selado entre as duas partes. Mesmo assim, houve atraso na abertura das estações e aglomerações foram registradas até a normalização na operação do sistema, por volta das 7h40 (de Brasília).

"Nós nunca imaginaríamos que chegaríamos a esse ponto neste momento. Tentamos evitar a todo custo. Hoje os trabalhadores saem de casa porque precisam. Na verdade, as tratativas estavam ocorrendo, era um impasse em um momento em que os trabalhadores precisam", disse Baldy.

"Quando chegam a anunciar a greve, era inacreditável pensando como sociedade e ser humano, no momento em que precisamos nos unir", completou o secretário, que ainda disse que a decisão inicial da greve era "irresponsável e desumana" por ser realizada em meio a uma pandemia.

Em resposta, o representante do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres, culpou o governo pela situação. Os metroviários alegam que a última proposta salarial prevê a redução do adicional noturno (de 50% para 20%), do pagamento de horas extras (de 100% para 50%) e o corte dos salários em 10%.

"O Metrô, infelizmente, tentou tirar nosso direito, inclusive, na quinta-feira passada, reduziu 10% do salário da categoria, por isso que a greve foi colocada", disse o representante, para quem a crise teria sido evitada em caso de postura diferente do governo com as reivindicações.

"Não era a intenção do sindicato paralisar, exatamente porque nós entendemos toda preocupação da sociedade com tema da pandemia", disse. "Nossa grande preocupação é que nós estamos em negociação com a empresa desde o começo do ano e nós já estamos no mês de julho. O governo resolveu no final de junho atacar o acordo coletivo, lembrando que nós não estamos neste momento reivindicando aumento salarial, a gente só queria respeito ao acordo coletivo", completou.

Baldy, no entanto, disse que o governo não se esquivou das negociações. "Não foi falta de realmente buscar negociação. Em uma crise na saúde sem precedentes, não demitimos ninguém, os 90% no pagamento foi por falta de caixa e fizemos tudo para manter todos os empregos", disse.

Ao mesmo tempo, o secretário admitiu que o governo falhou ao não antecipar o funcionamento do Paese (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência) com disponibilização de ônibus para realizar o percurso interrompido pelo fechamento das estações de metrô. "Falhamos por não ter colocado Paese desde 4h40. Pedimos desculpas às pessoas que não puderam chegar ao trabalho", explicou.

Greve cancelada

Os trabalhadores do Metrô aprovara a greve ontem, em assembleia virtual. Eles reclamam de corte de salários e de direitos. A paralisação estava prevista para as linhas 1 (Azul), 2 (Verde), 3 (Vermelha) e 15 (Prata).

Após o governo apresentar uma proposta, o Sindicato dos Metroviários de São Paulo suspendeu a paralisação, durante a madrugada.

Mesmo assim, os passageiros encontraram dificuldades para utilizar o sistema na manhã de hoje. A abertura de estações, que normalmente ocorre às 4h40, teve atraso e a operação integral em todas as linhas só foi estabelecida por volta das 7h40. Houve problemas nas linhas 1-azul, e 2-verde, 3-vermelha e 15-prata.