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'Estou destruída', diz mãe de bebê morto a pauladas; pai é suspeito

Giane Fortes dos Anjos: "Estava certa que teria meu filho aqui comigo" - Reprodução/Facebook
Giane Fortes dos Anjos: "Estava certa que teria meu filho aqui comigo" Imagem: Reprodução/Facebook

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

19/08/2020 19h41

Giane Fortes dos Anjos, de 23 anos, já tinha preparado o quarto para receber o filho de 1 ano e 8 meses, que estava sob guarda do pai de 19 anos desde março deste ano. Mas os planos da mãe foram interrompidos: na madrugada de segunda-feira (17), a criança foi morta a pauladas por causa de seu choro. O caso aconteceu em Alegrete (RS), a 510 km de Porto Alegre. O pai é considerado suspeito pelo crime e está preso.

"Não estou nada bem, estou destruída. Foi tudo de repente e eu estava certa que teria meu filho aqui comigo. Já estava tudo montado no quarto", observa Giane, em entrevista ao UOL.

No domingo (16), Giane recebeu um telefonema da madrinha do menino, que informou que o pequeno Márcio dos Anjos Jaques estava hospitalizado.

"O pai [da criança] tinha passado na casa dela. Ele avisou que tinha deixado o Márcio no hospital. Eu cheguei lá e meu filho estava sozinho, deitado em um leito da UTI e cheio de marcas", conta Giane.

A mãe afirma que não sabia que o filho estava sendo agredido. Além disso, observou que não via Márcio desde março e desconhecia seu paradeiro. Segundo o delegado Valeriano Garcia Neto, responsável pela investigação, a mãe perdeu a guarda da criança após deixar de ter residência fixa.

"O pai tinha a guarda fática, de fato. O Conselho Tutelar passou a guarda para ele."

Ainda de acordo com o delegado, as agressões aconteceram na casa do pai e foram presenciadas pelos tios, que não fizeram nada para interromper o ato. Eles foram ouvidos pela polícia em relação ao homicídio, mas serão intimados devido à omissão.

"A violência era corriqueira ali", destacou o delegado.

Questionado sobre a possibilidade de responsabilizar o casal pela morte da criança, Garcia observou que ainda está avaliando o caso, já que as "omissões relevantes da mãe" também serão apuradas.

"Teoricamente sim, eles podem ser responsabilizados, mas isso vai ser apurado."

Segundo a promotora de justiça Luiza Losekann, responsável pela área da infância e juventude, uma outra menina de 1 ano que morava na casa — prima de Márcio — está sob a guarda de uma avó e uma tia até que a investigação seja concluída. A polícia tem nove dias para finalizar o inquérito. O delegado deve indiciar o pai por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, uso de meio cruel (pedaço de madeira) e ainda uso de recurso que impossibilitou a defesa.

A promotora salienta que a situação do menino não havia sido comunicada ao Ministério Público até o último episódio de agressão.

"Nunca foi noticiado por ninguém que alguém o maltratava, que alguém privou a criança de alimentos. Não estamos fechados, muitas vezes atendo partes, mas nesse caso não aconteceu. Infelizmente não atuamos antes. Tudo que eu soube dessa família, tudo que eu sei, veio depois do acontecimento", lamenta Luiza.