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Bahia registra novos tremores de terra; especialista prevê mais abalos

Juliana Almirante

Colaboração para o UOL, em Salvador

31/08/2020 10h26Atualizada em 31/08/2020 14h57

Um novo tremor de terra foi registrado na madrugada de hoje, por volta de 3h30, na cidade de Amargosa, localizada no Recôncavo Baiano. Os primeiros registros ocorreram na manhã de ontem.

O prefeito de Amargosa, Júlio Pinheiro (PT), afirmou ao UOL que houve relatos de que os tremores também foram sentidos em Elísio Medrado, Mutuípe e São Miguel das Matas.

"Desde ontem, do início da manhã, a partir das 7h40, começaram os tremores. Ontem foram mais fortes, de (magnitude) 3.7 e 4.2. Todos pela manhã, às 7h40 e 8h10. Hoje na madrugada, às, 3h30, teve um de 3.5". As informações são do Laboratório de Sismologia da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), disse ele.

"Ocorreram outros menos perceptíveis pela população. Houve registros de 10 (tremores) de ontem para hoje, alguns perceptíveis, outros não", afirmou.

Rachadura em uma casa na cidade de Amargosa (BA) provocada por tremor de terra - Divulgação/Prefeitura de Amargosa (BA) - Divulgação/Prefeitura de Amargosa (BA)
Rachadura em uma casa na cidade de Amargosa (BA) provocada por tremor de terra
Imagem: Divulgação/Prefeitura de Amargosa (BA)
Os abalos foram observados em toda a cidade nas zonas urbanas e rural, mas o epicentro teria sido registrado em um distrito rural. Ao menos seis imóveis foram atingidos, entre residências e uma igreja. Ninguém ficou ferido.

"Ao que parece, o epicentro, pelo que o laboratório informou, foi entre Corta Mão e Alto Seco, duas comunidades da região. As nossas equipes de assistência social estão em campo para fazer o levantamento. No geral, os danos não apresentam risco de desabamento", declarou.

O Laboratório Sismológico da UFRN (LabSis/UFRN) divulgou em seu blog uma imagem do registro do sismograma da universidade que mostra o abalo mais recente, de magnitude 3.5.

Tremores devem continuar, diz especialista

Na avaliação de Aderson Nogueira, coordenador do LabSis, novos tremores ainda devem ocorrer nos próximos dias.

"Tivemos um terremoto inicialmente de 4.6, e se você tem um terremoto de magnitude 4 é esperado que você tenha pelo menos 10 eventos de magnitude 3, e 100 eventos de magnitude 2. Então a sismicidade deve continuar nessa área e o que a gente sentiu essa madrugada, que a gente registrou, é réplica do que está acontecendo", afirmou Nogueira em entrevista à GloboNews.

Na manhã de ontem, tremores de terra foram sentidos em cidades do Recôncavo Baiano e no sul do estado e chegaram a assustar moradores, principalmente da cidade Mutuípe, localizada a cerca de 250 km de Salvador. De acordo com informações do Laboratório Sismológico da UFRN, medições internacionais registraram o tremor mais forte, de 4.6 na escala Richter, às 7h44.

"De uma forma muito genérica, o que está acontecendo são reativações em falhas geológicas. Muito embora a gente esteja no interior de uma placa tectônica, essas falhas geológicas existem e vez por outra elas são reativadas", explicou Nogueira.

"A região do Recôncavo Baiano, assim como outras regiões do Nordeste, são reconhecidamente regiões sísmicas. No Recôncavo, temos relatos históricos (de tremores) pelo menos do final do século 19", acrescentou o especialista.

Som de trovão pode ser tremor

Nogueira detalhou as diversas formas de como os tremores pode ser sentidos pelos moradores, inclusive pelo som.

"Você tem falhas geológicas que estão no subsolo dessa região. Toda essa região, todo o Brasil na verdade, está sob grandes pressões tectônicas. De vez em quando, essas falhas geológicas não suportam mais essas pressões que são acumuladas ao longo de milhares de anos, vários séculos, e você tem a liberação dessa energia na forma de um sismo", afirmou.

"Essa energia acumulada é desprendia quase que instantaneamente, chega à superfície, onde as pessoas percebem a vibração e parte da energia também se transforma em onda sonora, e as pessoas que estão próximas escutam como se fosse um estrondo, um trovão muito forte, ou a impressão de estar passando um caminhão perto", explicou Nogueira.

O especialista da UFRN antecipou que nos próximos dias os profissionais do Laboratório Sismológico da UFRN vão pessoalmente aos locais do tremores para entender melhor os detalhes dos fenômenos, que até agora não registraram feridos nas cidades baianas.