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PM é afastado após atirar contra casa de vizinho que denunciou festa no AM

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, de Ponta Grossa (PR)

14/09/2020 19h20

A Corregedoria Geral da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Amazonas afastou hoje um cabo da Polícia Militar, suspeito de atirar ontem contra o apartamento de um vizinho em um condomínio na zona oeste de Manaus.

A confusão começou após a vítima reclamar de uma festa que teria sido promovida pelo militar fora do horário permitido pelas regras do condomínio. Revoltado, o policial teria disparado contra o apartamento do vizinho que denunciou a reunião à administração do prédio, atingindo o quarto do filho de 2 anos do morador.

Segundo o escrevente Eduardo Michiles, de 36 anos, que denunciou a confraternização, o policial iniciou as ameaças logo após a reclamação da festa ao síndico do condomínio, localizado no bairro da Paz. "Ficamos apavorados. Saímos nos agachando de casa em estado de choque. Foram mais de dez tiros. Pensava que era até alguma troca de tiros, algo assim. Depois que identificamos que era no nosso apartamento. Meu filho estava no nosso quarto assistindo TV porque era fim de semana e geralmente ficamos até um pouco mais tarde", relatou.

O escrevente ainda diz que reclamou da festa sem saber de quem se tratava. Ele alega não conhecer o cabo e nem as pessoas que o acompanhavam. Depois do episódio, a família agora procura outro lugar para morar. Por enquanto, as vítimas estão em casa de parente: "Todos nós estamos assustados, principalmente nosso filho, que acorda dizendo 'medo, medo, papai'. Não vamos mais retornar para o apartamento. Nos sentimos inseguros, apesar de ser dentro de um condomínio", comentou.

Michiles chegou a compartilhar as marcas das balas que teriam sido disparadas pelo policial militar nas redes sociais. Elas atingiram a janela, atravessaram a parede e danificaram o teto do filho de 2 anos do escrevente, que estava em outro cômodo com os pais.

Disparos atravessaram parede do apartamento em Manaus - Eduardo Michiles/Arquivo Pessoal - Eduardo Michiles/Arquivo Pessoal
Disparos atravessaram parede do apartamento em Manaus
Imagem: Eduardo Michiles/Arquivo Pessoal

O UOL obteve a identificação do cabo da PM, mas não conseguiu localizá-lo. O caso é investigado pelo 19º Distrito de Polícia Civil. A corporação e a PM ainda não souberam informar se o militar tem advogado constituído. A administração do condomínio não comentará o episódio.

Militar é afastado e tem arma apreendida

Em nota ao UOL, a PM do Amazonas informou que "tomou conhecimento das acusações e que será instaurado um Procedimento Administrativo pela Diretoria de Justiça e Disciplina".

"Serão apuradas as circunstâncias do ocorrido e possibilitando às partes envolvidas a apresentação da sua versão dos fatos, respeitados os princípios da ampla defesa e contraditório", afirmou a PM, acrescentando que "não compactua com atos que contrariem a lei e a ordem".

A corporação também promete transparência no processo investigatório. Uma das medidas adotadas foi apreensão da arma do militar. Ela passará por perícia, assim como o apartamento atingido pelos disparos. O cabo já foi ouvido na manhã de hoje.

A vítima confirmou que, também hoje, os peritos compareceram ao imóvel para iniciar a investigação. O laudo deverá sair em até 30 dias.