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Enfermeiro baleado na cabeça durante assalto a ônibus tem morte cerebral

Segundo testemunhas, o enfermeiro Luiz Otávio estava usando fones de ouvido e não teria percebido o assalto dentro do ônibus - Reprodução/TV Globo
Segundo testemunhas, o enfermeiro Luiz Otávio estava usando fones de ouvido e não teria percebido o assalto dentro do ônibus Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo*

18/09/2020 08h59

O enfermeiro Luiz Otávio Rodrigues da Silva, de 27 anos, teve morte cerebral na madrugada de hoje. O jovem foi baleado na cabeça na noite de terça-feira (15) durante um assalto dentro do ônibus que estava em Guadalupe, zona norte do Rio de Janeiro. A informação da morte de Luiz foi confirmada ao UOL pela Secretaria Estadual de Saúde.

"O paciente Luiz Otávio Rodrigues da Silva evoluiu a óbito por volta das 3h da manhã desta sexta-feira (18). A família já foi comunicada", informa a nota assinada pelo médico Paulo Ricardo Lopes da Costa, diretor-geral do complexo de saúde da Penha.

Já o Hospital Getúlio Vargas, onde o jovem estava internado, disse que seguiu todos os protocolos e constatou a morte do jovem. "O Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV) informa que, após o cumprimento dos protocolos, constatou a morte encefálica do paciente Luiz Otávio Rodrigues da Silva e o óbito foi informado à família."

Na noite de terça-feira (15), o jovem voltava de seu trabalho em um hospital particular em Niterói e, segundo testemunhas, estava usando um fone de ouvido e não percebeu o assalto. Assim que o jovem se deu conta da ação, ele teria ficado nervoso, e um dos assaltantes atirou em sua cabeça.

Após ser atingido pelo tiro, Luiz foi levado ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha. A família disse ao Bom Dia RJ, da TV Globo, que ele chegou lúcido à unidade de saúde e passou por uma cirurgia.

Anteontem, a Secretaria de Saúde tinha dito ao UOL que o estado de Luiz era considerado grave e o jovem estava na sala de trauma e entubado.

Em nota enviada ao UOL, a PM (Polícia Militar) disse que a ocorrência foi registrada no 31ª DP (Delegacia de Polícia) de Ricardo de Albuquerque e informou que os dois homens suspeitos de cometerem o assalto conseguiram fugir.

'Ele é trabalhador'

O pai do enfermeiro, Claudemar Rodrigues da Silva, disse ao Bom Dia RJ que estava "arrasado" com situação e contou que a rotina de seu filho era "de casa para o trabalho".

"Ele é trabalhador, calmo, a rotina dele é de casa para o trabalho, do trabalho para casa. Eu me sinto arrasado. Infelizmente é a rotina de cidade grande", disse Claudemar à TV Globo.

Anteontem, Renan Moreira, marido de Luiz Otávio, contou ao UOL que é comum assaltos à mão armada na linha 712 — que faz o trecho Coelho Neto x Seropédica. Renan ainda contou que, em novembro do ano passado, foi assaltado dentro de um ônibus, teve uma arma apontada para a cabeça, perdeu seu celular, mas não se feriu na ocorrência.

"Essa linha tem histórico de assaltos. Já ouvi relatos de gente que chegou a levar coronhada. Eu já tive uma arma apontada para a cabeça por causa de um celular. O Otávio nunca tinha sido assaltado nesse ônibus. Foi a primeira vez. Nos contaram que ele estava com fone de ouvido e distraído. Não percebeu a movimentação, se assustou e um dos bandidos falou para dar logo um tiro na cabeça dele", contou Renan, que soube do assalto através de uma vizinha.

Renan ainda reforçou a dedicação do marido com a profissão e a dificuldade que ele enfrentava com o transporte público.

"Ele começou como técnico de enfermagem, fez faculdade e se tornou enfermeiro, dava aulas também em curso técnico. No auge da pandemia [da covid-19], a gente enfrentou problema com transporte. Ele acordava mais cedo, caminhava 30 minutos até outro ponto para pegar outro ônibus, chegava em casa mais tarde, pois era a mesma dificuldade para voltar para casa."

*Com informações de Marcela Lemos, em colaboração para o UOL, no Rio