Negros têm menos acesso a educação, saneamento e energia, aponta novo Atlas
Resumo da notícia
- Serviço apresenta novos indicadores disponíveis nas bases de dados do governo federal até 2017; mas terá atualizações nos próximos meses
- Dos cerca de 330 indicadores que compõem o Atlas, 79 passaram a ser disponibilizados no sistema hoje
- O Atlas é mantido pelo Ipea, Pnud Brasil e pela Fundação João Pinheiro e chega à sua quarta versão
- Mais de 5,5 mil municípios brasileiros são contemplados com informações em português, inglês e espanhol
Negros são mais atingidos pelo analfabetismo, mais internados por doenças relacionadas ao saneamento inadequado e têm menor acesso à energia elétrica do que os brancos, revela a plataforma atualizada do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil lançada hoje. O serviço apresenta novos indicadores com base em dados do governo federal, e, assim, ressalta disparidades regionais, socioeconômicas e entre grupos populacionais no país.
As análises mais recentes do Atlas usam dados de até 2017, mas o sistema deverá ser atualizado com informações disponíveis de 2018 e 2019 ao longo dos próximos meses. Com cruzamento de dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua de 2017, é possível verificar, por exemplo, que o analfabetismo entre os maiores de 25 anos atingia mais negros (11,81%) do que brancos (5,09%), por exemplo.
Sobre a porcentagem de internações por doenças relacionadas ao saneamento inadequado, o novo Atlas mostra que a porcentagem de internações caiu de 3,84% em 2013 para 2,28% em 2017. No entanto, diferenças em relação a gênero e raça persistiram. Homens eram mais atingidos do que mulheres e as internações entre a população negra eram mais que o dobro do que entre a população branca no país.
Comparando os últimos dois censos demográficos disponíveis, de 2000 e de 2010, o Atlas revela que a proporção de negros com acesso à energia elétrica era de 89,77% e passou para 97,17%, respectivamente. Apesar da melhora, o índice ainda é inferior ao da cobertura da cobertura da população branca, que variou de 96,70% para 99,22%.
Outros dados analisados mostram disparidades regionais, como em relação à coleta de lixo. Em 2017, a população urbana da região Sul tinha a maior cobertura (90%), enquanto a do Nordeste tinha a menor (67,81%). Quando se trata de coleta seletiva, a diferença é mais ressaltada entre as populações de ambas as regiões: 75,03% contra 30,69%.
A plataforma tem como objetivo fornecer um mecanismo de fácil acesso que permita o maior cruzamento de dados possível e que gere um raio-x amplo sobre a realidade brasileira. O novo Atlas ainda traz correlações com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas).
O Atlas é mantido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) Brasil e pela Fundação João Pinheiro, e chega hoje à sua quarta versão.
Dos cerca de 330 indicadores sobre saúde, educação, renda, trabalho, habitação, vulnerabilidade, meio ambiente e desigualdade, entre outros, que compõem o Atlas, 79 passaram a ser disponibilizados no sistema nesta terça. Mais de 5,5 mil municípios brasileiros são contemplados com informações, agora em português, inglês e espanhol.
A economista e coordenadora do Atlas pelo PNUD Brasil, Betina Barbosa, fala que será possível aplicar diversas camadas de informação para entender melhor o desenvolvimento humano em determinado recorte territorial.
"É como se se pudesse associar IDH, renda de homens e mulheres e outro indicador de pessoas inscritas no Cadastro Único. [...] É construir uma história sobre aquela informação", afirmou, ao acrescentar que os indicadores podem ajudar gestores a identificar carências e formular políticas públicas melhores.
O lançamento ocorre hoje, às 10h30, com a participação do coordenador do projeto, José Carlos Libânio, cientista social de Desenvolvimento Humano e Sustentável do PNUD; Carlos von Doellinger, presidente do Ipea; Katyna Agueta, representante residente do Pnud; e Helger Marra, presidente da Fundação João Pinheiro.
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