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Grávida é baleada em operação no Complexo da Maré e perde o bebê

Maiara Oliveira da Silva, de 20 anos, está em estado grave - Reprodução/TV Globo
Maiara Oliveira da Silva, de 20 anos, está em estado grave Imagem: Reprodução/TV Globo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

28/10/2020 09h04Atualizada em 28/10/2020 12h20

Uma mulher grávida de cinco meses foi baleada durante a operação de ontem no Complexo da Maré, na zona norte do Rio, e perdeu o bebê. Maiara Oliveira da Silva, de 20 anos, foi ferida durante um confronto que começou quando um blindado da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) sofreu uma pane no momento que deixava a região.

A direção do Hospital Municipal Evandro Freire informou hoje, às 12h, que o bebê morreu e o quadro de saúde de Maiara é muito grave. A paciente passou por uma cirurgia ontem e está internada no CTI da unidade.

Criminosos teriam aproveitado o momento para tentar uma emboscada contra os policiais. De acordo com a Polícia Civil, a mulher foi socorrida pelos agentes e levada para o Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, também na zona norte.

Alberon Sales da Silva, pai da vítima, disse que a filha perdeu muito sangue e que houve bate boca com os policiais no local.

"Eu estava a trinta metros de chegar onde moro, ouvi um tiro só, continuei caminhando, pois vi que os policiais não correram. Mais perto de casa, meu telefone tocou. Era minha sobrinha dizendo que a Maiara foi baleada. Cheguei mais perto, os policiais não queriam me deixar acessar o local, fiquei nervoso, falei alto, xinguei, teve empurrões e minha filha estava lá perdendo muito sangue. Eles [os policiais] estavam lá fingindo que estavam socorrendo, mas ninguém quis chamar uma daquelas tantas viaturas para levar minha filha", acusou ele.

Alberon disse que Maiara estava feliz com a gravidez e definiu a filha como uma moça alegre e comunicativa.

300 policiais e 21 presos

De acordo com a Polícia Civil, a ação "Gota D'Água" envolveu 300 homens e terminou com 21 pessoas presas e apreensão de fuzis, granadas, silenciadores, grande quantidade de drogas e material para embalar. Mais de 50 carros roubados e diversas motos roubadas foram recuperadas. Além disso, os agentes descobriram um depósito clandestino com 30 toneladas de produtos falsificados como brinquedos, avaliados em R$ 20 milhões e 200 mil mochilas também falsas.

A favela é dominada pelo CV (Comando Vermelho) e a operação tinha como objetivo prender criminosos acusados de participar de 70 grandes crimes como homicídios e assaltos. Alguns dos alvos da polícia são os homens envolvidos na morte do menino Leônidas Augusto da Silva de Oliveira, 12, que morreu no último dia 10. Os alvos não foram encontrados. A polícia buscava também os envolvidos na morte de dois vigilantes do Grupo Pão de Açúcar. Os seguranças foram mortos em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em um assalto ocorrido no mês de junho.

"Aquilo [a morte do menino Leônidas] foi a gota d'água. Determinei a realização para prender criminosos ligados a este grupo e mostrar para todos que estão envolvidos na vida do crime que não existe território deles. Quem manda é o estado", afirmou o secretário de Estado de Polícia Civil, delegado Allan Turnowski.

Um dos homens presos é um criminoso conhecido como "Fred Perneta" que tem 11 passagens pela polícia como sequestro, roubos e um assalto no bairro do Leblon, na zona sul do Rio, em junho.