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Em depoimento de 4h, PM diz que intenção era imobilizar João Alberto

Entrevista coletiva do caso João Alberto ocorreu hoje em Porto Alegre Imagem: Hygino Vasconcellos/UOL

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

27/11/2020 16h46

O policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva afirmou hoje que pretendia apenas imobilizar o cliente negro João Alberto, 40 anos, morto em 19 de novembro, no Carrefour da zona norte de Porto Alegre. Foram cerca de quatro horas de depoimento - o primeiro desde o início do caso.

"Aduziu que não era o interesse dele de causar a morte, a intenção era imobilizar vítima", disse hoje em entrevista coletiva a delegada Roberta Bertoldo, responsável pela investigação.

O PM temporário disse que Beto, como era conhecida a vítima, ficou agressivo após desferir um soco nele e "estava bastante alterado".

Silva também contou que foi chamado no rádio e foi em direção à caixa 25 do supermercado. "Ele avistou a vítima com feição braba, nas palavras dele, bateu no ombro dele (de Beto) e perguntou se estava tudo bem. (Beto) disse que estava tudo bem e deu as costas", contou a delegada. Como o PM temporário não sabia o que aconteceu antes, decidiu acompanhá-lo.

No depoimento, o segurança salientou que também foi agredido por Beto e que respondia à fiscal Adriana Alves Dutra, 51 anos.

Caso João Alberto

João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, foi morto em 19 de novembro no Carrefour da zona norte de Porto Alegre. Segundo a esposa dele, Milena Borges Alves, 43, o casal foi ao supermercado para comprar ingredientes para um pudim de pão e adquirir verduras. Gastaram cerca de R$ 60. Ela conta que ficaram poucos minutos no Carrefour e que Beto saiu na frente em direção ao estacionamento. Ao chegar ao local, Milena se deparou com o marido se debatendo no chão. Ele chegou a pedir ajuda, mas a esposa foi impedida de chegar perto dele.

João Alberto Silveira Freitas e a esposa, Milena Borges Alves (e); ele foi espancado em uma loja do Carrefour em Porto Alegre e morreu Imagem: Arquivo pessoal

Imagens de câmeras de segurança mostram a circulação de Beto na área dos caixas e as agressões no estacionamento. A gravação mostra Beto desferindo um soco no PM temporário, o que é seguido por chutes, pontapés e socos do segurança e do PM temporário.

A maior parte das imagens mostra a imobilização com uso da perna flexionada do segurança sobre as costas de Beto. O uso da "técnica" pode ter se estendido por mais tempo além dos 4 minutos, já que o vídeo foi cortado. Nos Estados Unidos, George Floyd foi mantido por 7 minutos e 46 segundos com o joelho do policial sobre o pescoço dele, segundo os promotores de Minnesota.

No mesmo dia da morte de Beto os dois seguranças foram presos. Cinco dias depois ocorreu a prisão da fiscal de fiscalização do Carrefour Adriana Alves Dutra, 51 anos.

A morte de Beto gerou protestos em Porto Alegre e em outras partes do país. Na capital gaúcha, um grupo de 50 pessoas conseguiu acessar o pátio do mercado, mas recuar após atuação da Brigada Militar. Uma pessoa conseguiu invadir e pichou a fachada do prédio. Outros colocaram fogo em materiais.

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