RJ: menores que sonham em virar jogadores são libertados de cárcere privado
A Polícia Civil do Rio de Janeiro libertou hoje 13 adolescentes que eram mantidos em cárcere privado em um sítio em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. De acordo com as investigações, Jorge Valnei dos Santos prometia aos meninos a realização do grande sonho: jogar em um clube de futebol. O homem foi preso em flagrante. Os meninos têm idade entre 13 e 17 anos e estavam presos no local há meses.
Segundo o delegado titular da 61ª DP (Xerém), Roberto Gomes, os menores são provenientes de diversos estados, como Alagoas, Paraná, Amazonas, Goiás e Paraíba. Eles foram encaminhados pelos pais com a promessa de que receberiam treinamento para jogar em grandes clubes do futebol carioca. Segundo o delegado, o homem não possui espaço adequado para o trabalho e não tinha permissão para funcionamento.
"Nós tivemos uma denúncia inicial de que jovens estavam sendo mantidos em cárcere em um sítio, na sequência nós recebemos comunicação do Conselho Tutelar neste sentido e hoje fomos fazer as diligências. Quando chegamos lá, constatamos que os menores estavam trancafiados nos alojamentos. Em decorrência disso, verificamos que o responsável detinha os documentos pessoais deles, eles não tinham acesso a nada como escola, atendimento médico e como uma atuação profissional", disse o delegado.
"Os pais davam um documento particular para que ele tivesse uma guarda provisória, mas isso não tem valor legal já que teria que ter sido feito através do Conselho Tutelar ou do Juizado da Infância e Juventude — o que não aconteceu. Os meninos não tinham contato nenhum com ninguém, ficavam lá dentro do sítio", completou.
"Além de não possuir qualificação profissional e estrutura física adequada, o responsável pelo local ainda mantinha os meninos trancados em alojamentos sem qualquer proteção contra incêndio e com pouca iluminação. Os menores ainda não tinham acesso aos seus documentos e o contato com seus parentes era controlado", acrescentou Gomes.
Os pais dos adolescentes pagavam R$ 500 para o homem imaginando que o mesmo estivesse cuidando dos filhos e estivesse preparando os rapazes para jogarem profissionalmente em um clube.
Só que, segundo o delegado, o local "não tem autorização de funcionamento de nenhum órgão público, ele [o acusado] não é nem profissional habilitado para treinamento e foi isso que fez com que tivéssemos a certeza de que, além do cárcere privado e da supressão de documentos, ele também pratica estelionato contra os pais e quanto aos meninos".
A Polícia Civil informou que os rapazes prestaram depoimento hoje na delegacia 61ª DP (Xerém). Para a polícia, por serem menores de idade e com o sonho de se tornarem jogadores de futebol, os meninos não percebiam que eram vítimas do acusado e passaram a ter uma relação de confiança com ele.
Agora, Jorge Valnei dos Santos está no sistema prisional fluminense e os adolescentes estão recebendo apoio do Conselho Tutelar.
Fluminense entrou no jogo
Após a divulgação do caso, o Fluminense Futebol Clube informou que vai ajudar os adolescentes a conquistarem o sonho de se tornarem jogadores profissionais. Em nota enviada ao UOL, o Fluminense informou que "vai oferecer abrigo e auxílio psicológico e médico aos meninos".
Após serem feitos exames da covid-19, o clube carioca disse ainda que também ofereceram "uma possibilidade de testes para os meninos tentarem realizar o sonho que estava sendo tirado deles".
A reportagem do UOL tenta localizar a defesa do acusado. Tão logo seja encontrada, a matéria será atualizada.
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