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Avó materna fica com a guarda das filhas de juíza morta pelo ex-marido

A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi foi morta a facadas pelo ex-marido, Paulo Arronenzi - Arquivo pessoal
A juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi foi morta a facadas pelo ex-marido, Paulo Arronenzi Imagem: Arquivo pessoal

Marcela Lemos,

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

26/12/2020 13h50

As três filhas da juíza Viviane Arronenzi, morta na véspera de Natal pelo ex-marido, ficarão com a avó materna. O alvará foi expedido ontem pelo plantão Judiciário de Niterói - cidade da região metropolitana do Rio, onde a magistrada morava com as meninas.

O presidente da Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro, Felipe Gonçalves, disse que as crianças estão abaladas.

"Avó já está com a guarda das crianças. As crianças estão naturalmente abaladas, mas estão bem acolhidas, estão na companhia da tia materna. A tia e a avó moram juntas e a avó exercerá a guarda com ajuda da tia", disse Gonçalves durante o velório da juíza que ocorreu na manhã de hoje. A cerimônia foi fechada para amigos e familiares. Após a despedida, o corpo seguiu para cremação.

Viviane Arronenzi foi morta a facadas pelo ex-marido no último dia 24 - véspera de Natal. O caso ocorreu na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. A juíza tinha ido levar as três filhas para passar o Natal com o pai. As crianças presenciaram o crime.

Paulo Arronenzi, 52, foi preso no local pela Guarda Municipal. Na Delegacia de Homicídios, para onde foi levado, o engenheiro preferiu ficar em silêncio e não prestou depoimento.

Ontem, a Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva e Paulo foi encaminhado para uma unidade prisional do Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio.

Em setembro, Viviane já havia registrado um boletim de ocorrência contra o ex. Ela relatou ameaça e lesão corporal. Por dois meses, a juíza chegou a andar com seguranças, mas posteriormente avaliou que a medida de proteção não era mais necessária e suspendeu a escolta. A juíza e o ex-marido foram casados por 11 anos.

Viviane integrava a Magistratura do Estado do Rio de Janeiro havia 15 anos. Atualmente trabalhava na 24ª Vara Cível da Capital. Antes, ela atuava na 16ª Vara de Fazenda Pública.

A juíza Renata Gil, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, também esteve no velório e destacou a competência da juíza Viviane no cargo.

"Uma pessoa discreta, dedicada ao trabalho e que foi surpreendida com mais um ato de violência contra mulher (...) Ela era uma magistrada bastante atuante, uma magistrada muito respeitada no nosso tribunal, nos surpreendeu que ela tivesse passando por uma crise como essa que acabou ceifando a vida dela".

Gil comentou ainda o pedido de Viviane pela suspensão da escolta.

"Isso é muito natural em relacionamentos abusivos em que há filhos, pois a mulher tem que proteger a família, proteger os filhos, mas sempre pensando em não romper a relação entre filhos e pai, é uma relação muito complexa que pode gerar uma inconsistência com relação à avaliação (...) Ela acaba não tendo o discernimento correto para saber que está efetivamente em risco e abre mão da proteção, como foi o caso da juíza Viviane.