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Homem recebe resposta homofóbica ao tentar comprar sunga pela internet

Yala Sena

Colaboração para UOL, em Teresina

07/01/2021 19h39

A tentativa de uma compra online virou caso de repúdio da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Piauí e revolta de internautas no município de Picos (PI).

Na última terça-feira (5), o técnico em informática Rafael Santana da Silva, 31 anos, tentou comprar uma sunga e acabou recebendo da atendente uma resposta discriminatória: "Não tenho sunga aqui, nessa viadagem toda".

Ele conta que está com viagem marcada para Fortaleza e resolveu comprar uma sunga. Então, enviou para o atendimento via WhatsApp cinco sugestões de modelos, nas cores rosa, neon, azul, amarelo e de oncinha. Em seguida, ele recebeu um áudio no celular com a seguinte mensagem: "Não tenho sunga aqui, nessa viadagem toda. Se tiver é a preta".

A gravação vazou para o influencer, já que a atendente direcionava o áudio para outra pessoa da loja e enviou para Rafael. Ele disse que ao ouvir o áudio, a primeira reação foi de revolta.

"O que mais me irritou foi ela expor a homofobia dela para outra pessoa. São pensamentos medievais, pré-históricos sobre preconceito e não podia me calar", disse.

O cliente conta que resolveu expor a discriminação em rede social e recebeu apoio dos internautas. Ele disse ainda que recebeu outros relatos de consumidores que também foram vítimas de preconceito.

"Vou fazer um BO e ingressar com ação por difamação, crime de homofobia associado ao racismo. Não quero que fique impune, a empresa fez uma retratação, mas não se mostra arrependida, está mais preocupada com imagem da loja."

Rafael fará Boletim de Ocorrência contra a loja de moda praia. O registro deve ocorrer na segunda-feira, quando retornar de viagem.

No perfil da loja foi publicado um pedido de desculpas para Rafael "pela maneira infeliz de se colocar diante de um comentário que magoou nosso cliente". "Pedimos desculpas a todos que se sentiram ofendidos. Seguimos firme em nosso propósito que é sempre melhorar cada dia mais oferecendo o melhor para nossos clientes", registrou.

A Comissão de Estágio e Exame da Ordem da subseção da OAB de Picos publicou uma nota de repúdio, diante da denúncia. O comunicado condena a postura da empresa e se coloca à disposição de Rafael para qualquer providência.

"Atitudes nefastas, como dessa senhora, demonstram a persistência truculência do ideário homofóbico e o quanto ainda se precisa avançar para que todas e todos possam exercer seu direito com respeito e igualdade. A homofobia direita e indiretamente não só atinge a população LGBTQIA+, mas também outras pessoas que de alguma maneira se comportam fora dos padrões sociais", diz a nota da OAB de Picos.