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RJ: Rainha das Plásticas mentiu sobre sumiço da filha e pode ser condenada

Wania Tavares comunicou o desaparecimento de Patrícia Granjeão (foto), mas Polícia Civil diz que as duas haviam se comunicado; mãe responderá por falsidade ideológica - Reprodução/Facebook
Wania Tavares comunicou o desaparecimento de Patrícia Granjeão (foto), mas Polícia Civil diz que as duas haviam se comunicado; mãe responderá por falsidade ideológica Imagem: Reprodução/Facebook

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

07/01/2021 20h01Atualizada em 08/01/2021 07h38

Wania Tavares, conhecida como Rainha das Plásticas, será indiciada por falsidade ideológica após registrar um Boletim de Ocorrência comunicando o desaparecimento da filha, a estudante de veterinária da UFF (Universidade Federal Fluminense) Patrícia Granjeão, de 26 anos.

Após a mãe comunicar o sumiço da jovem à polícia e dar entrevistas falando sobre o desaparecimento, Patrícia se apresentou à delegacia de Vila Isabel, na zona norte do Rio, e disse que nunca esteve sumida.

De acordo com o delegado Cristiano Maia, Wania ficou apenas um dia sem notícias da estudante. Segundo ele, ao fazer o registro de ocorrência, a Rainha das Plásticas já tinha falado com a filha pelo telefone e sabia que ela estava bem.

"A Wania foi à delegacia por duas vezes relatando o caso. Na segunda vez, ela reiterou que estava muito preocupada, disse que sofria ameaça. Só que, às 9h, ela já tinha conversado com a filha e sabia que ela estava em segurança. A Wania moveu todo o efetivo de uma delegacia em prol de um desaparecimento que ela sabia que não tinha ocorrido", descreveu.

Por ter inserido informação falsa em um documento público, Wania vai responder por falsidade ideológica, crime que prevê pena de um a cinco anos de prisão. Além disso, a Rainha das Plásticas já responde por homicídio doloso, exercício ilegal da profissão e fraude processual nos inquéritos que apuram a morte da cantora MC Atrevida.

A clínica de Wania em Vila Isabel foi fechada após a morte da funkeira em decorrência de um procedimento estético feito no local. A MC morreu 11 dias depois de realizar uma hidrolipo com enxerto que consiste na transferência de gordura de uma parte do corpo para outra. A clínica de Wania não tinha alvará para realização de cirurgias estéticas.

Para o delegado, Wania quis comover a opinião pública. "Ela quis ter mídia, pois a clínica dela está fechada. Ela quis passar de autora de homicídio doloso à condição de vítima. Ela quis passar de autora para vítima. Foi isso", concluiu o delegado.

Filha afirma que não desmentiu

Em sua defesa, Wania mandou um vídeo da filha comentando que não desmentiu a mãe e explicando o ocorrido. "Na terça-feira eu fui para casa da minha amiga, por volta de 12h, no dia seguinte, eu não mandei mensagem de voz para minha mãe, não achei que ela ficaria tão preocupada, mas ela ficou desconfiada de ter acontecido alguma coisa", disse a estudante.

"Ela ficou muito preocupada. Não mandei mensagem de voz e não imaginei que ia tomar essa proporção. Eu não desmenti a minha mãe, não mandei mensagem de voz, por isso ela ficou desconfiada com toda razão", acrescentou.

A Rainha das Plásticas encaminhou ainda um laudo médico que aponta que Patrícia sofre de depressão crônica.

Relembre o caso da MC

Fernanda Rodrigues, conhecida como MC Atrevida, 43, morreu em julho após se submeter a um procedimento na clínica de Wania. De acordo com parentes e amigos, a cantora sentia fortes dores após o procedimento. Por telefone, os funcionários da clínica alegavam que as dores eram normais após a cirurgia.

MC Atrevida foi internada no Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, na zona norte, com infecção generalizada, mas não resistiu.

A Polícia Civil do Rio chegou a pedir a prisão preventiva de Wania e a prisão domiciliar do médico Wilson Ernest, que realizou o procedimento na cantora. No entanto, a Justiça não concedeu as prisões.

No mês passado, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nos endereços de Wania, do médico e também de um homem, identificado com Almir Paixão, que trabalhava na clínica como enfermeiro.