Garoto procura polícia argentina e diz ser criança brasileira desaparecida
Depois de anos de espera, a fisioterapeuta pernambucana Cláudia Franco Boudoux, de 44 anos, finalmente conseguiu descobrir o paradeiro do filho, Carlos Attias Boudoux. Eles estão sem contato desde 2015 após o garoto, à época com 9 anos, viajar para Argentina para passar as festas de fim de ano com o pai.
De acordo com Cláudia, o filho está em Buenos Aires. Agora adolescente, Carlos procurou por conta própria uma delegacia de polícia da capital argentina dizendo que era o garoto desaparecido.
O fim das buscas foi comunicado pelo Conselho dos Direitos de Meninos, Meninas e Adolescentes de Buenos Aires, nas redes sociais, em 19 de janeiro. "Queremos informar que terminou a busca pelo adolescente Carlos Attias Boudoux. Muito obrigado a todos que se preocuparam e colaboraram para o encontrar!", informou o órgão.
A mãe agora aguarda ansiosa para reencontrar o filho. A previsão é de embarcar de Recife para Buenos Aires, em 31 de janeiro, e retornar ao Brasil até 5 de fevereiro. Ela dependerá de uma autorização da Justiça argentina para sair do país com o adolescente.
Graças a Deus o nosso caso terá um fim. Ele se apresentou na delegacia e estou esperando apenas o fim do recesso judiciário argentino para que eu seja autorizada a trazê-lo. Estamos programando ficar lá por cinco dias para resolver esses trâmites contou ao UOL a fisioterapeuta.
Carlos atualmente aguarda a chegada da família brasileira em um abrigo, em Buenos Aires. De acordo com Cláudia, o filho deveria retornar para o Brasil em 2016, mas o pai teria alienado o garoto.
A fisioterapeuta, então, entrou com um pedido na Justiça argentina para reavê-lo, obtendo uma decisão favorável em fevereiro de 2019. O pai, contudo, nunca devolveu o menino, o que fez Carlos entrar na lista nacional de desaparecidos do país vizinho.
Cláudia conta que o pai do garoto foi preso em 2020 por obstrução da Justiça e sequestro, mas o filho continuou desaparecido até se apresentar em 18 de janeiro deste ano à polícia. A mãe ainda não sabe onde Carlos estava no período entre a prisão do pai e a apresentação à polícia. Ambos não se comunicaram por telefone. O garoto vai completar 14 anos em março.
"O pai está preso porque foi comprovado que estava escondendo a criança, mas o Carlos continuou desaparecido. A minha advogada me avisou da apresentação do meu filho em uma delegacia portando a identidade dizendo que era o desaparecido. Eu entrei em choque porque não estava preparada, apesar de sempre manter as esperanças. Me tremi toda", relata.
A fisioterapeuta agora diz aguardar "muito ansiosa" pelo reencontro, mas pondera que respeitará o espaço do filho. Segundo o jornal argentino Clarín, o garoto estava lúcido e bem de saúde.
"Estamos muito ansiosos. Sei que não irei mais encontrar aquela criancinha porque vi que estava até maior que os policiais. Sempre sonhei com esse momento, sabemos que não será um reencontro fácil e irei respeitar o momento dele. A vontade é de chegar, abraçar e beijar, mas não sei o que irei encontrar", contou.
O UOL entrou em contato com o Itamaraty para saber se a pasta está auxiliando no retorno do garoto ao Brasil e aguarda retorno.
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