SP: Menino encontrado em barril ganha 2 videogames e 632 peças de roupas
A Polícia Militar de Campinas, interior de São Paulo, entregou na manhã de hoje centenas de doações que foram recebidas após uma campanha promovida pela corporação para ajudar o menino que foi encontrado dentro de um barril no sábado (30) . O garoto está em um abrigo municipal acompanhado por psicólogos.
A mobilização de policiais da 2ª Companhia do 35º BPM/I (Batalhão de Policiamento Militar do Interior) começou no mesmo dia em que o garoto foi resgatado por quatro equipes da PM da casa onde morava no Jardim Itatiaia, periferia da cidade.
No total, foram doados 276 brinquedos, 632 peças de roupas — blusas, camisetas, calças, bermudas, dois videogames, uma máquina para corte de cabelo, quatro mochilas escolares, 29 pares de sapatos, um urso de pelúcia, 10 gibis e dois livros.
Segundo o capitão José Antônio Pereira Júnior, as doações vieram de todo o país. "Foi fantástico. Ficamos surpresos e muito felizes. Sinceramente nunca vi nada parecido. É comovente", disse.
O policial contou também que os colegas que foram entregar as doações ficavam emocionados. "É algo até espiritual fazer o bem. Eu, particularmente, espero que ele seja um símbolo. Porque várias crianças sofrem maus-tratos, estão abandonadas. É bom que ele seja um símbolo", disse.
A PM não entregou as doações diretamente ao menino, no abrigo onde ele está desde ontem. Os presentes foram deixados em um dos centros de Assistência Social de Campinas, que vai deslocar uma equipe para fazer a entrega final junto com psicólogos. A decisão foi tomada para preservar o menino.
Processo de recuperação
No abrigo, uma equipe médica tem acompanhado a evolução da saúde dele. Apesar da informação divulgada anteriormente de que ele só teria alta quando alcançasse 35 kg — chegou com 27 kg no sábado —, o UOL apurou que a recuperação dele foi mais rápida do que o esperado pelos próprios médicos.
Ainda que a prefeitura tenha informado que não vai divulgar nenhum dado sobre o quadro clínico do paciente, a reportagem consultou nutricionistas e pediatras para questionar sobre o procedimento adotado em casos do tipo. Segundo Gabriela Murteira, pediatra do Hospital Vera Cruz, em Campinas, o ganho de peso é uma consequência de uma nutrição adequada.
"O foco não é o peso, e sim a estabilização do quadro metabólico e nutricional. Portanto, a equipe ficou centrada em avaliar como o corpo dele reage ao início da nutrição. Por exemplo, alterações de eletrólitos que podem mudar o ritmo cardíaco, reposição de proteínas que mudam a distribuição de líquidos no corpo. É um acompanhamento diário e multidisciplinar", disse.
A médica esclareceu que, em casos de desnutrição grave, o paciente pode receber alimentação sólida, mas isso depende de como o corpo reage. Segundo a Polícia Civil, o menino se alimentava de cascas de banana e fubá cru. Não era a dieta ideal, segundo Erica Blascovi, nutricionista clínica e professora de graduação e pós do Unimetrocamp.
"O fubá cru tem alguns carboidratos, que é um nutriente energético. A casca de banana tem um pouco de potássio e um pouco de magnésio. Não era suficiente para manter uma boa nutrição, ainda mais que ele recebia apenas isso para comer", explicou.
O corpo humano pode aguentar até 20 dias em jejum absoluto, segundo a nutricionista clínica e especialista em nutrição funcional Giovana Pardini Pascoli. A avaliação é que o menino sobreviveu por tanto tempo por comer alguma coisa, mesmo que precária.
"Se a pessoa se alimentar, mesmo com poucas coisas, é possível sobreviver, mas com todas as consequências que a desnutrição vai causar. Ele poderia morrer, claramente, por qualquer doença que pegasse", complementa.
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