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Família diz que paciente fugiu de hospital de campanha; secretaria rebate

Homem foi internado no dia 31 de janeiro no Hospital de Campanha do Hangar, de onde saiu hoje sem impedimentos - Agência Pará
Homem foi internado no dia 31 de janeiro no Hospital de Campanha do Hangar, de onde saiu hoje sem impedimentos Imagem: Agência Pará

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL, em Belém

09/02/2021 16h34Atualizada em 09/02/2021 19h16

Um paciente internado no Hospital de Campanha do Hangar, em Belém, fugiu hoje à tarde da unidade de saúde destinada a tratamento de pacientes diagnosticados com o novo coronavírus, informou familiares. Ele teria saído do hospital de táxi e voltado para casa sem qualquer impedimento.

Ainda segundo a família, o homem, de 43 anos, foi internado no dia 31 de janeiro, quando teve piora no quadro da doença. "Ele chegou a fazer atendimento em uma Unidade de Pronto Atendimento, mas foi encaminhado para fazer uma tomografia no Hangar e já ficou internado, pois estava com falta de ar", contou um familiar, que preferiu não divulgar o nome com medo de represálias.

O paciente foi encaminhado primeiramente para uma Unidade de Tratamento Intensivo. Quando fugiu já estava na semi-intensiva, mas ainda fazendo uso de oxigênio. "Soubemos que ele estava com saturação 77 e ainda estava no oxigênio, mas que esperava uma vaga para ser transferido para a enfermaria", relatou o familiar.

O familiar conta que o paciente estava sofrendo de ansiedade desde o ano passado, mas que não fazia tratamento para o transtorno, o que também estava dificultando o tratamento para a covid-19. A suspeita também que ele estivesse fazendo uso de entorpecentes.

"Notamos a mudança de comportamento dele desde março do ano passado. Começou a beber mais e se afastou da família. Sempre foi uma pessoa que reunia a família em casa e passou a não deixar ninguém ir lá", revelou.

A preocupação dos familiares é com o fato de que o paciente mora com a companheira e o pai, que é idoso. "Nosso medo é porque ele ainda deve estar transmitindo a doença não só para ele, como para outras pessoas", lamenta.

Secretaria dá outra versão

Em nota ao UOL, a Secretaria de Estado de Saúde Pública deu outra versão para o caso. Disse que o paciente abandonou o tratamento após melhora do quadro de saúde e não quis assinar o termo de desistência do mesmo. Ainda segundo a secretaria, mesmo orientado pela equipe de profissionais sobre a necessidade de conclusão do tratamento e do risco de transmissão da doença para outras pessoas, o paciente desistiu do tratamento.

Um boletim de ocorrência foi registrado na polícia, como infração sanitária. A secretaria de saúde ressaltou que nenhum hospital pode obrigar qualquer paciente a permanecer na unidade ou impedir sua saída.

Leia a nota da secretaria na íntegra:

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informa que não procede a informação de que um paciente fugiu do Hospital de Campanha de Belém, no Hangar, nesta terça-feira (09). O paciente em questão abandonou o tratamento após melhora do quadro de saúde. A direção da unidade informa que um Boletim de Ocorrência foi registrado, após o paciente se negar a assinar o termo de desistência do tratamento. O caso foi registrado como infração sanitária.

Mesmo orientado pela equipe multiprofissional sobre a necessidade de concluir o tratamento e os riscos na transmissão da doença para outras pessoas, o paciente, de 43 anos, manteve o interesse no abandono do tratamento. O serviço de assistência social do hospital também fez contato com a família do paciente.

No entanto, nem a própria família conseguiu demovê-lo da saída. Um profissional de enfermagem e um agente de portaria acompanharam a saída do paciente, por volta do meio-dia, e um táxi que já o aguardava na entrada do hospital. No período da tarde, a equipe médica voltou a falar com a família e reorientando sobre os riscos do abandono do tratamento e contaminação. A Sespa ressalta que nenhum hospital pode obrigar qualquer paciente a permanecer na unidade ou impedir sua saída.

Novas variantes do vírus no Pará

Na semana passada, a Vigilância Sanitária de Belém confirmou a presença de 14 casos da variante P2 na capital, além de oito da encontrada no Amazonas, ambas com maior transmissibilidade. Um paciente morreu na capital, em decorrência da variante.

Os primeiros dois casos da mesma variante do Amazonas foram identificados no final de janeiro em Santarém, região do Baixo Tocantins. Com isso, a região mudou para bandeira preta, de alto risco de transmissão da doença. O restante do estado está em bandeira laranja, de risco médio de transmissão, com a ampliação das medidas restritivas

Segundo os últimos boletins das secretarias de saúde do estado e município, o Pará já teve 342.482 casos de covid-19 e 7.864 óbitos. Na capital, foram 68.181 casos confirmados, com 2.625 mortos.