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Belém registra casos de duas variantes da covid-19

Edmilson Rodrigues (PSOL) descarta lockdown apesar de casos de duas variantes da covid-19 - Filipe Bispo/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Edmilson Rodrigues (PSOL) descarta lockdown apesar de casos de duas variantes da covid-19 Imagem: Filipe Bispo/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL, em Belém

05/02/2021 19h40Atualizada em 05/02/2021 21h46

O Departamento de Vigilância à Saúde de Belém confirmou hoje que foram registrados os primeiros casos de infecção pela variante P2 da covid-19 na cidade — ao todo, foram registrados 14 casos. Até então, os casos na capital paraense eram apenas da P1, a mesma variante descoberta em Manaus.

A confirmação foi dada após análise de 80 amostras coletadas em Belém, entre os meses de setembro de 2020 e janeiro de 2021. "O primeiro caso que detectamos é de meados de outubro do ano passado. Desse total 14 são da variante P2", explica o diretor do Departamento de Vigilância à Saúde, Claudio Salgado. Além dessas, outras 40 amostras ainda estão em análise.

"Essa variante (P2) se propaga muito rápido e causa casos mais leves, mas pode levar o paciente a procurar o sistema de saúde e com isso impactar o sistema", diz Salgado. Ainda estão sendo feitos estudos em vários locais do mundo para saber a gravidade e a letalidade das duas variantes.

Já a P1 foi detectada em oito pessoas em Belém, sendo que cinco delas são pacientes que vieram de Manaus em busca de tratamento no Pará. As outras três são de pessoas que não saíram de Belém no período. Houve uma morte entre os contaminados pela P1.

A variante P2 já circulava no Brasil desde o segundo semestre do ano passado. A linhagem foi descoberta no Rio de Janeiro e posteriormente encontrada em São Paulo e no Rio Grande do Sul.

Estudos de pesquisadores brasileiros encontraram dois casos de infecção dupla por coronavírus no Rio Grande do Sul, em novembro do ano passado, em pacientes com a variante P2. Ambos foram infectados por duas linhagens diferentes do vírus. Apesar de não causar maiores sintomas aos contaminados, acendeu o alerta para o fato de duas linhagens conviverem juntas, podendo acelerar as mutações. Uma das preocupações é a anulação da eficácia das vacinas nesses casos, mas até agora isso não foi registrado.

Medidas de segurança

O diretor de Vigilância em Saúde informa que o município já está em contato com os pacientes que tiveram as duas cepas para acompanhar os casos. "Mantivemos contato com algumas famílias e algumas delas relataram, inclusive, ter feito PRC (exame para detectar a covid-19) em laboratórios particulares, e o resultado foi negativo. Estamos monitorando para qualquer mudança em sintomatologia, seja feito o isolamento imediato e a coleta de material".

Outra ação é entrar em contato com os hospitais da rede privada onde houve registro de casos das duas variantes para reforçar medidas de segurança dos frequentadores desses locais.

"Vamos entrar em contato com as comissões de controle de infecção hospitalar para identificar casos de pacientes, eventualmente em UTIs ou dentro de alas amarelas nesses lugares, saber por onde passaram, fazer uma varredura no sistema para fazer o que for necessário para garantir a segurança, tanto dos profissionais que trabalham, como das pessoas que vão a esses hospitais por conta da covid-19 ou outras doenças", afirma.

Em coletiva, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), disse que não vê ainda a necessidade de medidas mais restritivas, como o lockdown, por enquanto. Uma reunião entre os prefeitos dos municípios da região metropolitana de Belém e o governador do estado, Helder Barbalho, deve acontecer ainda hoje para discutir esse tema.

Há uma semana, um decreto estadual mudou a classificação do Pará para bandeira laranja, de risco médio de transmissão da covid-19 e estabeleceu mais restrições proibindo a venda de bebida alcoólica em qualquer estabelecimento, entre 22h e 6h, entre outras medidas.

Outras variantes

O governador do Pará, Helder Barbalho, afirmou hoje, em um post em uma de suas redes sociais, que há novas variantes do vírus circulando na capital e em Santarém, no Baixo Tocantins. A região está em bandeira preta desde a semana passada, em razão da detecção de dois casos da variante P1.

O governo ainda não deu mais detalhes desses casos.

De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde, o Pará tem 7.762 mortes e 338.047 casos de covid-19.