AL: esteticista que realizou gluteoplastia em mulher que morreu é indiciada

A esteticista de 44 anos responsável por fazer uma gluteoplastia irregular com injeção de hidrogel em Susana Thais Ferreira da Silva, 33, que morreu de embolia pulmonar no dia 31 de janeiro foi indiciada por homicídio doloso qualificado pela Polícia Civil de Alagoas.

A investigada se apresentou no 6º Distrito Policial, em Maceió, na última quarta-feira (10), após ser atraída pela sobrinha da vítima, que se passou por uma cliente que pretendia realizar um procedimento estético. Ela vai responder pelo crime em liberdade.

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A sobrinha de Susana, Edineide da Silva, 31, entrou em contato com a esteticista e disse que pretendia realizar um procedimento estético. Na conversa entre as duas ficou acertado o valor de R$ 5 mil, sendo R$ 1 mil de entrada a ser depositado esta semana e R$ 4 mil no dia do procedimento, que seria no próximo domingo (14).

A mulher desconfiou da conversa porque o dinheiro não foi depositado e não respondeu mais as mensagens. Edineide foi ouvida pela polícia ontem e entregou as mensagens trocadas com a esteticista.

Após a conversa, a esteticista se apresentou à polícia e prestou depoimento ao delegado Robervaldo Davino, titular do 6º Distrito Policial. Segundo a polícia, ela admitiu o procedimento no resort, mas disse que nunca havia ocorrido algum problema com clientes dela.

A investigada afirmou ter formação superior, que atua na área há três anos e justificou que não parou de realizar procedimentos porque não sabia que a cliente tinha morrido, de acordo com a polícia. Ela afirmou ainda que soube da morte de Susana no último dia 4.

Após a oitiva, ela foi liberada para responder pelo em liberdade. A polícia aguarda laudo da Perícia Oficial sobre a substância usada nos glúteos de Susana para remeter o inquérito ao Ministério Público Estadual de Alagoas. Ela foi indiciada pelo crime de homicídio doloso qualificado.

O que é embolia pulmonar

O médico anestesista Luis Bulhões explica que a embolia pulmonar pode ser ocasionada por um coágulo que se forma em alguma extremidade no corpo e acaba "viajando" ao coração. "No caso em questão, provavelmente o que aconteceu é que quem realizou o procedimento inadvertidamente injetou parte da substância dentro de uma veia sanguínea. Tal fato fez com que esse produto tivesse como destino o pulmão, fazendo que parte importante desse órgão parasse de funcionar".

O anestesista disse que casos de embolia pulmonar causados por um trombo sanguíneo podem ser tratadas, caso haja diagnóstico rápido, com uso de medicações que dissolvam o trombo antes de causar um dano acentuado ao pulmão.

"No caso de embolia de origem externa, como produtos estéticos não indicados ao corpo humano, não existe tratamento resolutivo. O paciente precisa ser internado em um hospital terciário e ir tratando as complicações a medidas que elas acontecem."

O anestesista avalia que o desfecho trágico ocorreu porque a mulher não estaria assistida por um profissional habilitado para tal procedimento e também a intervenção não ocorreu em ambiente hospitalar.

"O fato de ela ter feito em ambiente não adequado, sem outros profissionais a acompanhando, contribuiu para o óbito já que a complicação que ela apresentou poderia ter sido diagnosticada durante ou ao fim do procedimento. Neste caso, ela teria sido encaminhada antes a um hospital e assim teria mais chances de sobrevida", completa.

O cirurgião plástico Davi Pessoa afirma que a substância usada para aumentar o volume dos glúteos de Susana não é usada pelos cirurgiões plásticos, devido ao risco que o hidrogel tem tanto de causar embolia pulmonar quanto de infecção na área aplicada e necrose de tecidos.

O médico destaca ainda que o hidrogel quando é aplicado em grandes quantidades acaba entrando no vaso, mesmo sem ter sido perfurado com a seringa, e vai para o pulmão, causando embolia pulmonar.

A Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] libera o uso do hidrogel, mas ele é proibido pelo FDA (Food and Drug Administration), agência dos Estados Unidos que regula a comercialização de produtos, alimentos e remédios.