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Advogado arrecada R$ 21 mil para instalar outdoors contra Bolsonaro em MG

Mensagens serão veiculadas nas cidades de Belo Horizonte e Contagem (MG) - Divulgação
Mensagens serão veiculadas nas cidades de Belo Horizonte e Contagem (MG) Imagem: Divulgação

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

19/03/2021 20h44

O advogado Lucas Azevedo Paulino, 32 anos, contratou a instalação de 12 outdoors com críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e com o pedido de impeachment do ex-capitão. Os painéis começam a ser instalados na segunda-feira (22), sendo dez em Belo Horizonte e dois em Contagem, na região metropolitana da capital mineira.

"Arrecadei R$ 21 mil com cerca 300 pessoas, que doaram entre R$ 1 e R$ 1,8 mil. A arte dos painéis foi feita por quatro designers, que não cobraram nada pelo trabalho", diz Paulino. "Contratei duas empresas. Cada outdoor fica em R$ 1,8 mil, com a exposição da peça por 15 dias."

Ele explica que tomou a iniciativa de fazer a vaquinha online na terça-feira (16), após o pedido feito à Polícia Federal, pelo ministro da Justiça André Mendonça, para que a corporação investigasse outdoors críticos a Bolsonaro, instalados em Palmas, com base na Lei da Segurança Nacional, instrumento legal utilizado pela ditadura militar (1964-1985) contra opositores do regime.

O sociólogo e professor Tiago Costa Rodrigues também criou uma vaquinha online e arrecadou R$ 2,3 mil usados na instalação de dois outdoors contra o ex-capitão, em Palmas.

"Cabra à toa, não vale um pequi roído. Palmas quer impeachment já", dizia a frase inscrita em um outdoor. "Aí mente! Vaza Bolsonaro, o Tocantins quer paz", dizia o outro.

Seguidores no Twitter

Doutorando na área de direito constitucional da UFMG, Paulino publica vídeos no Twitter com críticas a Bolsonaro, sobretudo em relação à gestão do governo na economia e na pandemia do novo coronavírus. Ele tem 19 mil seguidores.

"Evitamos chamar o Bolsonaro de genocida nos outdoors, mas eles fazem críticas, principalmente da má gestão na pandemia (do novo coronavírus) e pedem seu impeachment", afirma o advogado.

"Não acredito em reação, porque os defensores do governo, que são ricos, já têm o hábito de colocar outdoors enaltecendo Bolsonaro", afirma o advogado.

Ele acredita que, ao contrário, o campo político progressista é que reage ao instalar os painéis contrários ao governo.

"Está havendo uma reação da sociedade civil organizada, que se opõe ao projeto negacionista", diz. "Com os financiamentos coletivos, o cidadão comum consegue articular uma iniciativa como essa, que não é barata, para denunciar o governo."

Outdoor destruído

Um outdoor da UNE (União Nacional dos Estudantes), instalado em Goiânia, com críticas ao governo, classificando Bolsonaro de "genocida", foi destruído ontem.

Este outdoor, por sua vez, foi feita em solidariedade aos professores da UFRP (Universidade Rural de Pernambuco), Ericka Suruagy e Tiago Costa Rodrigues, também investigados pela PF por também promoverem outdoors críticos ao ex-capitão.

A reação da diretoria da UNE foi imediata. Hoje, a entidade lançou também uma vaquinha virtual online para arrecadar doações para instalação de outros painéis contra o governo, chamando o presidente de genocida, que deverão ser instalados em diversos municípios espalhados pelo país.