Caso Henry: Vereador diz que 'assassinato, não foi'; mãe relatou problemas
A morte de Henry Borel Medeiros, de 4 anos, ocorrida na madrugada de 8 de março, no Rio de Janeiro, ainda é cercada por mistérios. Mãe e padrasto falam em acidente, enquanto o pai pede uma investigação rigorosa e peritos apontam morte por violência severa. A polícia apura o caso.
Em entrevista a Roberto Cabrini, exibida ontem no "Domingo Espetacular", da TV Record, o vereador Jairo Souza Santos Júnior, conhecido como Doutor Jairinho (Solidariedade), que é médico por formação, afirmou que fez o que podia para salvar o menino, que, segundo ele, foi encontrado morto em um dos quartos da residência do casal. "Eu tenho certeza absoluta, diante de Deus, que assassinato não foi", disse ele.
Henry era filho de pais recém-divorciados, e passou o final de semana com o pai, o engenheiro Leniel Borel de Almeida. Por volta das 19h, Leniel deixou a criança no condomínio onde reside a mãe. Câmeras de segurança flagraram a chegada do menino.
Monique Medeiros da Costa e Silva namora o vereador desde outubro de 2020. Antes trabalhava como professora e agora ocupa cargo no Tribunal de Contas do Município. Aos prantos, ela lamentou a morte do filho, descrevendo-o diversas vezes como sua "prioridade na vida", entre vários adjetivos.
Horas depois da chegada, Henry disse que queria dormir pois estava cansado. A mãe e Jairo contam que, então, deixaram o menino dormindo no quarto deles e foram assistir a séries na TV da sala. Incomodados com a possibilidade do som da TV estar atrapalhando o sono do garoto, o casal se mudou para o quarto de hóspedes, onde também havia um aparelho.
A mãe disse à Record TV que só se lembra de ter despertado ouvindo barulhos no quarto ao lado e puxar o braço do vereador, que estava ao lado dela no momento. Ao chegar ao quarto, Monique afirma que encontrou o filho estirado no chão.
"Quando abri a porta do quarto, vi ele deitado no chão. Peguei meu filho, botei em cima da cama. Estranhei. As mãos e os pés dele estavam muito geladinhos. Chamei o Jairinho. Ele enrolou meu filho numa manta e fomos ao hospital", disse a Monique.
"A única certeza que eu tinha é que a gente iria trazê-lo de volta. Eu queria que ele tivesse voltado com a gente. Nesse momento que entro no hospital, já tem quatro profissionais de saúde em cima dele, depois seis, depois oito. Vi que era grave. A Monique [estava] nervosa. Foram as duas horas mais horríveis da minha vida", relatou o vereador.
No laudo de necropsia, a perícia constatou múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores; infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, na região parietal direita e occipital, ou seja, na parte da frente, lateral e posterior da cabeça; edemas no encéfalo; grande quantidade de sangue no abdômen; contusão no rim à direita; trauma com contusão pulmonar; laceração hepática (no fígado); e hemorragia retroperitoneal.
O professor titular de Medicina Legal da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Nelson Massini afirmou ao UOL que, ao analisar o laudo de necropsia, é possível afirmar que a criança sofreu uma ação violenta contra o corpo. "Essa criança foi espancada de maneira violenta, pelo laudo médico legal a criança tem sinais de violência física severa que atingiu a cabeça, pulmão, abdômen, rompimento de fígado, rim e várias equimoses. É um negócio de uma gravidade muito grande", disse ele.
Criança não queria voltar para a casa do padrasto
Mensagens obtidas pelo "Fantástico", da TV Globo, mostraram a conversa entre os pais de Henry no domingo (7), dia em que a criança seria devolvida à mãe. Nelas, ambos dão a entender que Henry não gostaria de retornar ao apartamento do padrasto - e a mãe mostra preocupação.
Com a criança sob os cuidados do pai durante o final de semana, a mãe escreveu sobre as atividades de rotina do filho, contando que ele fazia natação, escolinha de futebol e judô, e que ainda queria matriculá-lo em aulas de teatro.
O pai respondeu: "Tudo ótimo! acho muito legal". Em seguida, ele mandou foto do garoto brincando com amigos, ao que a mãe disse: "Fico feliz que esteja bem". No dia seguinte, no domingo, Monique voltou a digitar: "Lê (Leniel), como vocês estão? Já estou apreensiva desde a hora que acordei. Porque ele não vai querer vir embora".
O pai declarou: "Olá, Nique. Estamos brincando. Vai querer sim, tenho conversado com ele que tem escola, futebol, mamãe com saudade". Em seguida, Monique afirmou: "Só não aguento o choro para não vir. Me desestabiliza totalmente. Fico muito, muito triste. Quando puder trazer me avisa. Vai ser uma choradeira sem fim mesmo".
Leniel então respondeu: "E o pior é que ele mexe com o meu psicológico falando que fico pouquinho com ele."
Monique complementou: "Acordo mal, fico mal, fico horrível". Já Leniel: "Calma, estamos no processo". Minutos antes de o garoto ser entregue à mãe, o pai ainda recebeu as mensagens: "Hoje será uma noite difícil. Sempre que ele chega é assim. Eu parei a minha vida para estar ao lado dele e não adianta. Eu sei o que passo diariamente", "Uma criança de 4 anos desestrutura a gente, mas não pode comandar", "Temos que ser firmes, fazer o nosso melhor", escreveu Monique, de acordo com a reportagem.
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