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Mãe de Henry Borel diz acreditar que filho caiu da cama antes de morrer

Menino era enteado do vereador Jairinho (Solidariedade) e tinha 4 anos - Reprodução/Instagram
Menino era enteado do vereador Jairinho (Solidariedade) e tinha 4 anos Imagem: Reprodução/Instagram

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

19/03/2021 14h35

Em depoimento aos agentes da 16ª DP (Barra da Tijuca) do Rio de Janeiro, a mãe de Henry Borel Medeiros, Monique Medeiros, disse acreditar que as lesões encontradas no laudo de exame de necropsia foram resultado de uma queda do menino de 4 anos da cama do casal. A criança morreu no dia 8 de março.

A professora relatou que o filho pode ter acordado, ficado em pé em cima da cama e se desequilibrado ou tropeçado no encosto da poltrona, fazendo com que ele caísse no chão. Apesar disso, Monique afirmou não ter escutado nenhum barulho.

Além de Monique, o padrasto, o médico e vereador Jairo Souza Santos Junior, o Dr. Jairinho (Solidariedade), também foi ouvido. O casal relatou que estava na sala assistindo televisão e a criança ficou deitada na cama da mãe, onde costumava dormir. Segundo a mulher, em um determinado momento ela e o namorado foram para o quarto de hóspedes para o barulho não incomodar Henry.

Ainda em depoimento, Monique relatou que Jairinho dormiu devido aos remédios que toma e que, por volta de 3h30, ela levantou e acordou o parlamentar. Nesse momento, o vereador foi ao banheiro e, ao voltar para o quarto, a mãe encontrou o filho no chão já desacordado.

Monique gritou pelo namorado. No trajeto para o hospital, a mãe realizou procedimento boca a boca, recomendado pelo médico, mas o menino não respondeu.

Questionado do motivo pelo qual o vereador, como médico, não ajudou a reanimar a criança, O parlamentar alegou que a última vez que tinha feito massagem cardíaca tinha sido em um boneco durante a graduação.

Perito particular

A defesa do pai de Henry, Leniel Borel, disse ao UOL que será contratado um perito particular para analisar as causas da morte do menino. De acordo com Leonardo Barreto, ele "vai contestar o laudo já realizado ou complementá-lo". A possibilidade de exumar o corpo do menino foi descartada.

A reportagem teve acesso ao laudo de necropsia. De acordo com o documento, há sinais de violência e a causa da morte foi hemorragia interna e laceração hepática causada por uma ação contundente.

A perícia constatou múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores; infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, na região parietal direita e occipital, ou seja, na parte da frente, lateral e posterior da cabeça; edemas no encéfalo; grande quantidade de sangue no abdômen; contusão no rim à direita; trauma com contusão pulmonar; laceração hepática (no fígado); e hemorragia retroperitoneal.

Investigação

Não há depoimentos marcados para hoje a respeito do caso, porém a Polícia Civil pretende ouvir mais testemunhas para tentar entender o que aconteceu com o menino naquela madrugada. Dentre as oitivas, os agentes não descartam ouvir o perito que produziu o laudo de necropsia de Henry Borel.

A polícia já realizou uma perícia no apartamento onde o casal mora, porém Monique relatou que uma funcionária já havia feito uma limpeza no local. A mãe da criança não informou a mulher sobre o ocorrido. Mais diligências estão sendo tomadas para ajudar na conclusão do inquérito.