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Polícia ouvirá doméstica, legista e equipe médica que atendeu Henry Borel

Menino tinha 4 anos e morreu no dia 8 de março - Reprodução
Menino tinha 4 anos e morreu no dia 8 de março Imagem: Reprodução

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

22/03/2021 16h33Atualizada em 26/03/2021 12h43

A Polícia Civil do Rio de Janeiro irá ouvir ao longo desta semana a equipe médica que realizou o atendimento ao menino Henry Borel, 4 anos, que morreu no último dia 8. Além disso, a empregada doméstica que trabalha para a mãe e padrasto do menino e o perito que realizou o laudo de necropsia também prestarão depoimento.

O delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), quer esclarecer algumas divergências encontradas entre o que foi dito aos médicos da unidade e o depoimento prestado por Monique Medeiros e o médico e vereador Jairinho (Solidariedade). De acordo com o pai de Henry, Leniel Borel, ao chegar no hospital, o casal contou ter escutado um barulho no quarto onde o menino estava dormindo e o encontraram gelado e sem respirar. Porém, na delegacia, o casal não mencionou ter ouvido o suposto barulho.

Os agentes querem esclarecer também, junto ao legista Leonardo Huber Tauil, as possíveis causas das lesões expostas no corpo da criança que o mesmo apresentou nos documentos. Os laudos de necropsia atestam que Henry Borel sofreu hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente.

Outra peça importante da investigação é a empregada doméstica que trabalha na casa de Monique e de Jairinho. Segundo a mãe da criança, ela não informou a funcionária sobre o ocorrido e a mulher, antes de a perícia ter sido feita, realizou a limpeza da casa. Os agentes querem entender se a doméstica sabia ou não dos acontecimentos.

Relembre o caso

No domingo, dia 7 março, Henry Borel estava na companhia do pai, o engenheiro Leniel Borel. À noite, por volta das 19h, ele levou o filho para o apartamento onde mora a mãe e o namorado, o vereador Jairinho. Henry pediu para dormir — como de costume — na cama do casal. A mulher e o parlamentar estavam na sala assistindo televisão. Segundo a mulher, em um determinado momento ela e o namorado foram para o quarto de hóspedes para o barulho não incomodar Henry.

Monique Medeiros relatou que Jairinho dormiu devido aos remédios que toma e que, por volta de 3h30, ela levantou e acordou o político. Nesse momento, o vereador foi ao banheiro e, ao voltar para o quarto, a mãe encontrou o filho no chão já desacordado e gelado. Monique então gritou pelo namorado.

A professora ligou para o pai de Henry e avisou sobre o ocorrido. No trajeto para o hospital, a mãe realizou procedimento boca a boca, recomendado pelo médico, mas o menino não respondeu. Ao chegar no hospital, Leniel Borel relatou ter encontrado o casal e viu a equipe médica tentando reanimar a criança. Segundo o engenheiro, a mãe e o namorado relataram ter escutado um barulho vindo do quarto. Aconselhado pelos médicos, o pai foi até a delegacia e abriu uma ocorrência.

Na semana passada, Monique e Jairinho foram ouvidos por cerca de 12 horas. Em depoimento, a mãe de Henry disse acreditar que ele possa ter acordado, ficado em pé sobre a cama, se desequilibrado ou tropeçado no encosto da poltrona e caído no chão. Questionado do motivo pelo qual o vereador, como médico, não ajudou a reanimar a criança, o parlamentar alegou que a última vez que tinha feito massagem cardíaca tinha sido em um boneco durante a graduação.

De acordo com o laudo de necropsia, há sinais de violência e a causa da morte foi hemorragia interna e laceração hepática causada por uma ação contundente. No documento, a perícia constatou múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores; infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, na região parietal direita e occipital, ou seja, na parte da frente, lateral e posterior da cabeça; edemas no encéfalo; grande quantidade de sangue no abdômen; contusão no rim à direita; trauma com contusão pulmonar; laceração hepática (no fígado); e hemorragia retroperitoneal.

Exumação é avaliada

A representação legal do pai de Henry, Leniel Borel, conversou com o UOL e disse que caso o perito particular, que será contratado, entenda que seja necessário exumar o corpo de Henry, isso será solicitado. "Vamos contratar um perito particular e, se ele achar que deve [exumar], iremos pedir; caso contrário, não", informou.

A reportagem conversou com o pai do menino. Leniel Borel tem usado as redes sociais para postar fotos e vídeos em homenagem ao filho. Para o UOL, o engenheiro disse que "está sendo muito difícil. A justiça de Deus será feita e essa nunca falha. Vamos em frente pelo Henry", desabafou.