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Imagens de condomínio mostram que motoboy também agrediu porteiro no RJ

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

31/03/2021 18h10Atualizada em 31/03/2021 19h17

Imagens de câmeras de segurança do condomínio Torre Ernest Hemingway, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, mostram o motoboy Marcus Vinícius Gomes Corrêa agredindo o porteiro Jorge José Ferreira, de 58 anos.

Marcus Vinicius denunciou que havia sido sido imobilizado e agredido pelo funcionário do prédio na noite de segunda (29), com a ajuda de outros quatro homens, ao tentar usar a entrada social. Ele admitiu que também usou violência contra o grupo, o que foi corroborado pelas novas imagens.

Nelas, é possível ver o momento em que o porteiro entra na guarita e sai com um objeto na mão e chega a atingir o motoboy nas pernas. Em seguida, Vinícius toma o objeto do funcionário e passa a bater no porteiro, inclusive na cabeça, até que o funcionário cai no chão e é socorrido por outro funcionário do condomínio.

Em nota, o advogado do porteiro, Bruno Castro, afirma que o profissional foi agredido com um guidão de bicicleta e contra ele foram desferidos sete golpes. O porteiro está internado no Hospital Miguel Couto, na Gávea, na zona sul, onde passou por uma cirurgia devido à formação de coágulos na cabeça.

O estado de saúde do paciente é estável. Ele está sedado e intubado.

A defesa disse ainda que a discussão começou quando o motoboy foi orientado a não usar a portaria social do prédio, e que Marcus Vinícius teria desferido quatro socos e um chute no funcionário.

"Enquanto é agredido, o porteiro não reage e apenas tenta se defender (...) Depois de forçar e conseguir sair pelo local, outra câmera capta o desenrolar dos fatos. Nela, o senhor Jorge vai até a guarita e o agressor vai atrás dele gesticulando. Para tentar intimidar o agressor, o senhor Jorge pega um guidão de bicicleta. Marcus Vinícius toma o guidão de Jorge e desfere nele sete golpes na direção da cabeça. A agressão só para quando o senhor Jorge está caído no chão, ensanguentado e aparece outro porteiro", declararam os advogados.

O UOL já havia conversado com o motoboy na manhã de hoje. Ele disse que se perdeu no condomínio e foi abordado de forma ríspida e humilhado por estar na portaria principal do prédio. Ele contou que se recusou a sair pela porta de serviço devido a forma como foi abordado e admitiu ter agredido o porteiro em legítima defesa.

"Eu me perdi, só estava tentando sair do prédio quando um porteiro veio falando comigo descontrolado, me humilhando dizendo que eu era motoboy e não podia sair por ali. Ele poderia ter me orientado com educação. Disse que só pela forma como ele falou comigo, que iria sair por ali mesmo. Ele começou a me cercar, me empurrar, falei para ele não colocar a mão em mim. Até que ele foi na guarita, pegou uma barra de ferro e me acertou. Eu consegui tirar a barra da mão dele e revidei. Depois, vieram mais porteiros e um morador que ameaçou me matar, me sufocaram", detalhou.

Família defende porteiro

Após o ocorrido, o motoboy foi imobilizado pelo pescoço. No chão, ele gravou os vídeos que repercutiram na internet.

"O cara não quer me soltar não. Tô imobilizado aqui e o cara nem policial é. Olha a cara dele, porteiro. Nem policial é. Você não pode me imobilizar, parceiro. Me agrediram, quatro porteiros e um policial morador, vieram me agredir. Os quatro juntaram em mim. Olha como está a situação, o que motoboy passa no Rio de Janeiro", denunciou ele.

Outro funcionário que também aparece nas imagens, ameaça quebrar o celular do motoboy. "Vou quebrar seu telefone, eu quebro, eu quebro", diz um dos porteiros no vídeo que Marcus gravou pedindo ajuda.

O motoboy só foi solto depois que uma moradora acionou a polícia. A Delegacia da Barra da Tijuca abriu um inquérito para investigar o caso.

A família do porteiro agredido disse que José trabalha há 19 anos no mesmo prédio e é um funcionário querido.

"De uma índole diferenciada, foi promovido, não tem histórico de desentendimento com entregador, o condomínio recebe vários entregadores diariamente", disse o parente que ainda questionou a versão do entregador.

"Ele disse que apanhou tanto, mas não tem uma escoriação. Foram sete golpes de barra de ferro que o motoboy deu nele".

O nome do familiar não será divulgado por questões de segurança. A família diz que está sendo ameaçada após a repercussão do caso. Os moradores do edifício estão arcando com os custos do advogado de defesa do porteiro.

Em nota enviada pela defesa do funcionário, a família disse que está muito abalada com a brutalidade das agressões e que os parentes registram "total respeito à categoria dos motoboys, os quais se arriscam em meio à pandemia para sustentarem suas famílias"