Imagens de condomínio mostram que motoboy também agrediu porteiro no RJ
Imagens de câmeras de segurança do condomínio Torre Ernest Hemingway, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, mostram o motoboy Marcus Vinícius Gomes Corrêa agredindo o porteiro Jorge José Ferreira, de 58 anos.
Marcus Vinicius denunciou que havia sido sido imobilizado e agredido pelo funcionário do prédio na noite de segunda (29), com a ajuda de outros quatro homens, ao tentar usar a entrada social. Ele admitiu que também usou violência contra o grupo, o que foi corroborado pelas novas imagens.
Nelas, é possível ver o momento em que o porteiro entra na guarita e sai com um objeto na mão e chega a atingir o motoboy nas pernas. Em seguida, Vinícius toma o objeto do funcionário e passa a bater no porteiro, inclusive na cabeça, até que o funcionário cai no chão e é socorrido por outro funcionário do condomínio.
Em nota, o advogado do porteiro, Bruno Castro, afirma que o profissional foi agredido com um guidão de bicicleta e contra ele foram desferidos sete golpes. O porteiro está internado no Hospital Miguel Couto, na Gávea, na zona sul, onde passou por uma cirurgia devido à formação de coágulos na cabeça.
O estado de saúde do paciente é estável. Ele está sedado e intubado.
A defesa disse ainda que a discussão começou quando o motoboy foi orientado a não usar a portaria social do prédio, e que Marcus Vinícius teria desferido quatro socos e um chute no funcionário.
"Enquanto é agredido, o porteiro não reage e apenas tenta se defender (...) Depois de forçar e conseguir sair pelo local, outra câmera capta o desenrolar dos fatos. Nela, o senhor Jorge vai até a guarita e o agressor vai atrás dele gesticulando. Para tentar intimidar o agressor, o senhor Jorge pega um guidão de bicicleta. Marcus Vinícius toma o guidão de Jorge e desfere nele sete golpes na direção da cabeça. A agressão só para quando o senhor Jorge está caído no chão, ensanguentado e aparece outro porteiro", declararam os advogados.
O UOL já havia conversado com o motoboy na manhã de hoje. Ele disse que se perdeu no condomínio e foi abordado de forma ríspida e humilhado por estar na portaria principal do prédio. Ele contou que se recusou a sair pela porta de serviço devido a forma como foi abordado e admitiu ter agredido o porteiro em legítima defesa.
"Eu me perdi, só estava tentando sair do prédio quando um porteiro veio falando comigo descontrolado, me humilhando dizendo que eu era motoboy e não podia sair por ali. Ele poderia ter me orientado com educação. Disse que só pela forma como ele falou comigo, que iria sair por ali mesmo. Ele começou a me cercar, me empurrar, falei para ele não colocar a mão em mim. Até que ele foi na guarita, pegou uma barra de ferro e me acertou. Eu consegui tirar a barra da mão dele e revidei. Depois, vieram mais porteiros e um morador que ameaçou me matar, me sufocaram", detalhou.
Família defende porteiro
Após o ocorrido, o motoboy foi imobilizado pelo pescoço. No chão, ele gravou os vídeos que repercutiram na internet.
"O cara não quer me soltar não. Tô imobilizado aqui e o cara nem policial é. Olha a cara dele, porteiro. Nem policial é. Você não pode me imobilizar, parceiro. Me agrediram, quatro porteiros e um policial morador, vieram me agredir. Os quatro juntaram em mim. Olha como está a situação, o que motoboy passa no Rio de Janeiro", denunciou ele.
Outro funcionário que também aparece nas imagens, ameaça quebrar o celular do motoboy. "Vou quebrar seu telefone, eu quebro, eu quebro", diz um dos porteiros no vídeo que Marcus gravou pedindo ajuda.
O motoboy só foi solto depois que uma moradora acionou a polícia. A Delegacia da Barra da Tijuca abriu um inquérito para investigar o caso.
A família do porteiro agredido disse que José trabalha há 19 anos no mesmo prédio e é um funcionário querido.
"De uma índole diferenciada, foi promovido, não tem histórico de desentendimento com entregador, o condomínio recebe vários entregadores diariamente", disse o parente que ainda questionou a versão do entregador.
"Ele disse que apanhou tanto, mas não tem uma escoriação. Foram sete golpes de barra de ferro que o motoboy deu nele".
O nome do familiar não será divulgado por questões de segurança. A família diz que está sendo ameaçada após a repercussão do caso. Os moradores do edifício estão arcando com os custos do advogado de defesa do porteiro.
Em nota enviada pela defesa do funcionário, a família disse que está muito abalada com a brutalidade das agressões e que os parentes registram "total respeito à categoria dos motoboys, os quais se arriscam em meio à pandemia para sustentarem suas famílias"
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