Amante de síndica confessa assassinato por briga de condomínio, diz polícia
A Polícia Civil do Rio de Janeiro deve realizar nos próximos dias uma busca pela arma utilizada no assassinato do empresário Carlos Eduardo Monttechiari, 56, ocorrido no dia 1º de fevereiro. De acordo com as investigações, Leonardo Lima, 35, confessou ter atirado contra a vítima a mando de Priscilla Nunes de Oliveira, 44, após uma briga de condomínio. Os dois mantinham um relacionamento extraconjugal. Segundo o ex-paraquedista, após efetuar os disparos contra o empresário, ele jogou o revólver em um córrego na zona oeste da cidade. A defesa alega que Leonardo foi coagido.
No depoimento, a polícia conta que o funcionário do condomínio alugou a arma por R$ 1 mil. O delegado responsável pelo caso, Renato Carvalho, disse que haverá "uma diligência com apoio do Corpo de Bombeiros por conta do grau de dificuldade do local".
Ao UOL, o advogado Charles Santolia voltou a afirmar que não há como provar que o atirador é o amante da síndica. "Eu pedi para aproximar o vídeo, a pessoa está de chapéu, óculos e máscara, é impossível dizer que é o Leonardo". A defesa, em documento enviado à Justiça escreveu: "Ademais, o investigado foi advertido de seu direito constitucional ao silêncio, conforme registrado no termo de declarações, por ele assinado. Demais alegações defensivas não passam de meras ilações, uma vez que não apresentada qualquer prova capaz de corroborá-las"
Para a reportagem, Santolia finalizou explicando que pediu "uma possibilidade de depoimento novamente, a juíza indeferiu nessa oportunidade. O delegado numa preventiva de 30 dias covardemente juntou no processo o depoimento do Leonardo, não juntou nada sobre a busca e apreensão, tudo ele manteve guardado. Nesse primeiro momento minha instrução para ele [Leonardo] foi de ficar calado".
Os agentes querem esclarecer dois fatos sobre a morte do empresário: quem são as outras duas pessoas envolvidas no crime. A primeira é quem vendeu a arma para Leonardo e a segunda quem estava no veículo que ajudou o ex-paraquedista a fugir momentos após atirar contra Carlos Eduardo, em Vila Kosmos, na zona oeste.
Na semana passada o Tribunal de Justiça do Rio negou o pedido da defesa para revogar a prisão temporária de Priscila de Oliveira. A decisão da juíza Elizabeth Machado Louro, da 2ª Vara Criminal, aconteceu um dia após o Ministério Público se mostrar contrário ao pedido. A defesa alegou que Priscila tem emprego legal, residência fixa e bons antecedentes. Porém, a juíza entendeu que a prisão viabiliza a investigação e que "pela necessidade de se assegurar a regular investigação do crime em apuração, indefiro o requerimento de revogação da prisão temporária formulado pela defesa".
Apesar disso, na mesma liminar, o advogado Norley Thomaz Lauand, que representa Priscilla, disse que a síndica não foi submetida a uma audiência de custódia 24 horas após ter sido presa - conforme determina o Conselho Nacional de Justiça. "Ele só o foi [feito] em 28/03, no domingo, além de ser contrário ao entendimento recente do ministro Edson Fachin do STF". No ano passado o ministro determinou que Justiça do Rio passasse a realizar audiência de custódia para todas as modalidades de prisão, incluindo prisões temporárias. Ao UOL, a defesa relatou ter solicitado que outras pessoas fossem ouvidas "e que se tenha algum documento ou indício do desvio de 800 mil no inquérito, pois só tem ilações".
Relembre o caso
Ao longo das investigações, os policiais apuraram que, além de Leonardo Lima ser funcionário do condomínio, ele tinha um relacionamento extraconjugal com Priscilla. O carro utilizado no crime estava no nome da mulher do atirador.
Uma câmera de segurança registrou o crime. A princípio, a polícia tratava o caso como um latrocínio - roubo seguido de morte -, mas depois os agentes descobriram a relação entre os dois. Nas imagens é possível ver o carro da vítima estacionado e um outro veículo parado à frente. Em determinado momento, segundo a polícia, Leonardo Lima desce e dispara contra o empresário.
Segundo moradores ouvidos pela polícia, a vítima já tinha sido síndico do condomínio e constantemente reclamava das atitudes de Priscilla. Carlos Eduardo havia marcado uma reunião 5 de fevereiro, alegando que iria apresentar provas contra a mulher. Quatro dias antes desse encontro, ele foi morto.
No curso das investigações os agentes tiveram acesso a cartas trocadas entre Priscilla e Leonardo em dias comemorativos como Natal e aniversário. Para a Civil, essa troca de afeto indica que o crime pode ter sido realizado para buscar uma satisfação para a síndica. A Polícia irá solicitar à Justiça a quebra de sigilo bancário da mulher para tentar levantar o montante que teria sido desviado do condomínio.
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