Caso Henry: Dr. Jairinho e mãe do menino faltam a reconstituição da morte
O vereador e médico Dr. Jairinho e Monique Medeiros, padrasto e mãe de Henry Borel, de 4 anos, não participaram da reprodução simulada dos acontecimentos realizada nesta quinta-feira (1) no apartamento onde o casal mora no condomínio Majestic, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
De acordo com o advogado do casal, André França, a defesa havia pedido que a reconstituição fosse realizada na segunda-feira (5). A ausência foi aconselhada pela defesa de Monique e Jairinho.
"Nós optamos por orientá-los a não participar de maneira alguma, porque ao longo desses dias nós já apresentamos 22 petições, formulando inúmeros requerimentos. A gente não tem acesso a vídeos, a inúmeras declarações. E o que gente tem pedido é solicitado desde então não tem sido atendido", disse França.
Mesmo sem a presença de Jairinho e Monique os peritos da Polícia Civil realizaram a reprodução simulada. Os advogados do casal participaram do procedimento.
"Entendemos que fizemos um pedido extremamente razoável. Chegamos ao delegado e falamos 'queremos participar muito do procedimento, é importante a nossa participação. Estou pedindo para ao invés de ser na quinta-feira [hoje], para fazer na segunda-feira'. O que atrapalharia. Estamos indicando perito assistente para atuar no local, tem um profissional que está contratado que queríamos que viesse, mas ele se encontra em outro estado. Estamos no meio de um feriado com pandemia. Há dificuldade de trazê-lo do Rio Grande do Sul para cá", acrescentou a defesa.
A polícia informou que o casal poderia responder por desobediência por não comparecer à reconstituição.
Conversa com governador
Questionado sobre a ligação que Jairinho fez ao governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, horas após a morte de Henry, o advogado afirmou que os dois são amigos.
"O vereador e o Cláudio Castro são amigos assim como o vereador conhece inúmeras outras pessoas. A preocupação do Jairinho, assim como da Monique, sempre foi conceder a maior transparência e maior justiça ao caso. Ele não quer que a figura dele como político possa gerar qualquer parcialidade que o prejudique. Ele fala 'só quero que seja feito um procedimento que seja justo'", falou França.
O caso
Henry era filho de pais recém-divorciados, e passou um final de semana com o pai, o engenheiro Leniel Borel de Almeida. Por volta das 19h, Leniel deixou a criança no condomínio onde reside a mãe. Câmeras de segurança flagraram a chegada do menino. Monique Medeiros da Costa e Silva namora o vereador desde outubro de 2020. Antes trabalhava como professora e agora ocupa cargo no Tribunal de Contas do Município.
De acordo com as investigações, na madrugada do dia 8, o médico e vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), padrasto de Henry, e a namorada dele e mãe da criança, Monique Medeiros, levaram o menino ao Hospital Barra D'Or, na Barra da Tijuca, onde relataram que a criança apresentava dificuldade respiratória. O casal então ligou para o pai do garoto para relatar o ocorrido.
Leniel foi, então, até a unidade de saúde e encontrou os médicos tentando reanimar a criança. Orientado pelos profissionais do hospital, o pai do menino abriu uma ocorrência na 16ª DP para entender o que aconteceu com o filho. A morte do menino ocorreu ainda no dia 8.
O laudo da necropsia de Henry indicou sinais de violência e a causa da morte foi hemorragia interna e laceração hepática causada por uma ação contundente.
No documento, a perícia constatou múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores; infiltração hemorrágica na parte da frente, lateral e posterior da cabeça; edemas no encéfalo; grande quantidade de sangue no abdômen; contusão no rim à direita; trauma com contusão pulmonar; laceração hepática (no fígado); e hemorragia retroperitoneal.
Pedido de mudança
Até o momento a 16ª DP, na Barra da Tijuca, já ouviu 17 testemunhas. Uma delas foi da mãe de Monique Medeiros.
A professora Rosângela Medeiros da Costa e Silva, avó materna do menino, disse aos policiais que o neto era uma criança doce e educada. A mulher falou ainda que recebeu uma ligação da filha na madrugada do dia 8 alertando para o problema de Henry. Rosângela falou que a mãe do menino telefonou dizendo que Henry não estava respirando e que foi para o hospital. Ainda no trajeto para a unidade de saúde Monique teria ligado é informado sobre a morte da criança.
O advogado André França apresentou uma carta escrita a punho - assinada por Rosângela Medeiros - dizendo que as palavras ditas por ela foram distorcidas pela Polícia Civil.
"Na ocasião do meu depoimento o delegado foi extremamente tendencioso e parcial. Trago como exemplo o fato de ele não permitir que eu fizesse declarações fora daquilo que ele queria ouvir, quis relatar fatos em que Leniel [pai de Henry] usava o Henry contra a mãe, relatando a criança episódios mentirosos relacionados a mãe. Tais episódios mentirosos deixavam Henry confuso sobre a mãe. Espantou-me quando o delegado, no momento que me referia que Jairinho não tinha ciúmes da Monique, ter socado fortemente a mesa e dito 'p* esse cara é perfeito. Estou com sede nele'", escreveu a mãe de Monique.
Ainda na carta, Rosângela finaliza pedindo que o advogado "entre em contato com o Ministério Público ou juiz da causa para que proceda o meu novo depoimento de maneira justa e imparcial e tudo seja gravado" finaliza.
Além desta carta, a defesa de Jairinho e Monique citou outros motivos que motivaram a vontade de que o caso seja transferido da 16ª DP para a Delegacia de Homicídios.
"Pedimos para o delegado que todos esses depoimentos fossem gravados, só queremos transparência. Não há o que se esconder", falou André França.
Outro motivo relatado pela defesa foi com relação aos cumprimentos de busca e apreensão na casa de Jairinho e Monique na semana passada.
"Se vocês notarem nas imagens da busca e apreensão nós identificamos e peticionamos com fotos de agentes da polícia com celular na mão. O Jairinho e a Monique concederam a senha do celular com livre acesso. custódia foi quebrada. O procedimento adequado é botar o celular em um saco, lacre e Instituto Carlos Éboli, não tem que sair na mão de agente da polícia e o que aconteceu ali depois você quebra toda a cadeia de custódia. Não é protocolo minimamente adequado", indagou André França.
"Diante de todos esses episódios relatados nós estamos pedindo que o procedido seja deslocado da 16ª DP para a Delegacia de Homicídios que é uma delegacia especializada já que existe a possibilidade de se tratar de homicídio, que se discute isso, vá para a delegacia especializada", finalizou o advogado.
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