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Técnica de enfermagem morta em trem sonhava com carreira militar

A técnica de enfermagem Jéssica dos Santos Souza, 25, que morreu após ser baleada - Reprodução/Redes Sociais
A técnica de enfermagem Jéssica dos Santos Souza, 25, que morreu após ser baleada Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

05/04/2021 13h33

A técnica de enfermagem Jéssica dos Santos Souza, 25, que morreu após ser baleada durante uma tentativa de assalto que ocorreu dentro de um trem da Supervia, no Rio de Janeiro, sonhava em iniciar carreira militar. Segundo a família, Jéssica fazia faculdade de assistência social e acreditava que conseguiria dar uma vida melhor aos pais por meio dos estudos.

A mãe, Silvana dos Santos, contou que a filha passou a última sexta-feira (2) na casa dela na companhia da família.

"Só queria realizar seus sonhos, trabalhar e ter uma vida digna. Era amável com pai e mãe, com os irmãos. Teve lá em casa sexta-feira, passou à tarde com a gente, saiu 20h, brincou com o pai, cantou e ensaiou com o irmão, somos evangélicos, ela cantava em casa com o irmão. Cheia de sonhos. 'Ela falou: meu irmão, vamos estudar! Nós vamos chegar lá e vamos ajudar nossa mãe e nosso pai'. Queria realizar o sonho de ser mãe mais para frente, era tudo combinado com o marido e agora tudo acabou", contou a mãe na manhã de hoje no IML (Instituto Médico Legal).

A cunhada de Jéssica, Rosângela Fernandes, contou que o marido de Jéssica soube do ocorrido através de um policial que atendeu o telefone da técnica de enfermagem.

Ela estava indo trabalhar, levantou cedo, às cinco da manhã, ia para um plantão de 48h. Todo lugar que ela chegava, ela dizia: 'amor, estou aqui', ela mandou a foto da estação de [trem] Nova Iguaçu, mas depois ela não falou mais nada, aí quando ele ligou, o policial atendeu e basicamente quase soubemos pela imprensa.
Rosângela Fernandes, cunhada de Jéssica

Jovem morreu no Domingo de Páscoa

Jéssica morreu ontem, no domingo de Páscoa, vítima de uma bala perdida dentro de um trem. Ela estava a caminho da casa de dois idosos, na Tijuca, na zona norte do Rio, onde trabalhava como cuidadora. Ela foi baleada quando um policial, que também estava a caminho do trabalho, trocou tiros com bandidos durante uma tentativa de assalto.

De acordo com a corporação, o agente não estava fardado, mas estava armado, pois seguia para o Batalhão onde é lotado.

Um dos disparos atingiu a jovem, que chegou a ser socorrida, mas morreu na ambulância. Dois suspeitos também foram baleados e outros dois fugiram, segundo informações da Polícia Militar.

Já a Supervia informou que a composição seguia de Japeri, na Baixada Fluminense, para a Central do Brasil. O caso ocorreu na altura da estação Sampaio.

"A Supervia acionou imediatamente o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e o GPFer (Grupamento de Policiamento Ferroviário) para as providências necessárias. A passageira foi levada para o Hospital Municipal Salgado Filho [no Méier, na zona norte da capital]".

Ainda segundo a concessionária, um outro passageiro informou ao chegar na estação Central do Brasil que estava ferido na cabeça, mas dispensou atendimento médico e deixou a estação.

"A Supervia lamenta profundamente o ocorrido e que a violência observada em todo o estado atinja também o sistema ferroviário, colocando em risco os seus milhares de clientes e colaboradores."

A concessionária também reforçou que a segurança pública nos trens e estações é atribuição do Governo do Estado. "Os agentes da Supervia não têm poder de polícia e são orientados a acionar os órgãos competentes sempre que necessário.'

Procurada, a Polícia Civil do Rio informou que instaurou um inquérito para apurar o caso. "Dois criminosos foram presos e dois fugiram. A investigação está em andamento", disse por meio de nota.