Ônibus de SP podem parar amanhã, e metroviários cogitam suspender greve
Em assembleia realizada na tarde de hoje, o presidente do Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo), Valdevan Noventa, afirmou que a greve de motoristas e cobradores de ônibus da capital paulista já está convocada para a 0h desta terça-feira (20) — e que isso só será revertido caso haja alguma proposta dos governos estadual ou municipal pela imunização dos motoristas e cobradores.
Segundo ele, representantes do sindicato participarão de uma reunião conjunta com a Prefeitura e o governo de São Paulo na noite de hoje para debater a possível paralisação. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o encontro se daria por volta das 19h.
Por telefone, a assessoria de imprensa da gestão João Doria (PSDB) não soube confirmar a realização do encontro. O UOL também não conseguiu confirmação por parte da Prefeitura.
Nossa decisão já está tomada, já está anunciada. O governo que tenha uma proposta decente para vacinar essa categoria de imediato, com urgência. Além de os companheiros estarem sendo infectados, eles também estão infectando os passageiros."
Valdevan Noventa, presidente do Sindmotoristas
Diante da situação, a diretoria do Sindicato dos Metroviários irá propor, em assembleia a ser realizada a partir das 19h de hoje, a suspensão da paralisação anunciada para amanhã. Ao mesmo tempo, será proposta a continuidade do estado de greve.
Nossa proposta é suspender a greve amanhã, mas nos mantermos mobilizados porque entendemos que nossa reivindicação foi atendida parcialmente. Não podemos considerar que companheiros e companheiras que trabalham em estações, na segurança, sejam vacinados apenas os maiores de 47 anos. Todos estão expostos e devem ter a vacina."
Wagner Fajardo, coordenador geral do Sindicato dos Metroviários, durante uma transmissão ao vivo
Protestos no centro e na Paulista
A paralisação dos motoristas de ônibus, de acordo com o sindicato da categoria dos trabalhadores em transporte rodoviário urbano, será de 24 horas. Estão sendo programados protestos na região do Viaduto do Chá, onde fica a Prefeitura, e também na região do Masp, na avenida Paulista.
O Sindmotoristas classifica a greve como um "lockdown" do transporte público porque, de acordo com Noventa, "o governo lança lockdown para todas as outras categorias, e a única categoria que continua trabalhando desde o início da pandemia somos nós".
Dependendo do resultado de amanhã, não sabemos onde vamos chegar, vamos aprovar no fim da tarde a continuidade dos movimentos de mobilização da categoria. Não vamos descansar enquanto não formos vacinados, enquanto não sair um calendário de vacinação para essa categoria."
Valdevan Noventa, presidente do Sindmotoristas
Metroviários serão priorizados por questão logística
Uma das principais queixas dos motoristas e cobradores é o fato de ainda não haver previsão de vacinação para eles. O secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, confirmou ao UOL que os trabalhadores do transporte urbano de trilhos, que compreende metrô e trens, deverão entrar à frente na vacinação.
A estimativa é que o início seja no dia 11 de maio, após idosos de 60 anos para cima, com data a ser confirmada em coletiva amanhã.
Segundo Gorinchteyn, trata-se mais de uma questão logística que de privilegiar certo setor. Por serem concursados, os funcionários de metrô e CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) são "mais difíceis de substituir em eventuais afastamentos"
Estes trabalhadores desempenham uma função muito específica, especializada, na operação dos trens e, com a pandemia, os afastamentos [de doentes e grupos de risco] têm gerado interrupção de cerca de 900 viagens por dia."
Jean Gorinchteyn, secretário estadual de Saúde
O objetivo, ele explica, é voltar a operar todos os trens para que também haja redução da lotação nas viagens. Ao todo, são pouco mais que 9 mil trabalhadores, grupo considerado pequeno para os parâmetros de estado.
Para a diretoria do Sindicato dos Metroviários, a previsão de vacinação dos trabalhadores do Metrô e da CPTM, conforme anunciado pelo governo João Doria (PSDB), ainda é muito limitada e não garante a imunização de toda a categoria.
De acordo com o governo do estado, serão vacinadas cerca de 9 mil pessoas: todos os operadores de trens, independentemente da idade, e demais funcionários da área que tenham mais de 47 anos. Mesmo assim, o sindicato classificou o anúncio do governo estadual como um "recuo".
Prioridade para vacinação em debate na Câmara
O assunto também está sendo discutido na Câmara Municipal de São Paulo. Diversos vereadores apresentaram projeto para incluir diferentes setores de trabalho como prioridade para a vacinação na capital.
O setor de motoristas e cobradores de ônibus é defendido pelo vereador Milton Leite (DEM-SP), presidente da Casa, o que garante a eles um lugar privilegiado no debate.
O projeto, que já deveria ter sido votado na semana passada como complemento de outro, deverá se tornar um PL (Projeto de Lei) próprio encabeçado pelo vereador Fábio Piva (PSDB-SP) que reuniu os pedidos dos parlamentares.
De acordo com boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo ontem, 778.924 paulistas já foram contaminados pela doença, e 25.463 perderam a vida em decorrência da infecção.
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