Jairinho é indiciado por tortura contra filha de ex-namorada
O vereador Dr. Jairinho (sem partido) foi indiciado pela Polícia Civil pelo crime de tortura majorada contra a filha de uma ex-namorada.
De acordo com o delegado Adriano Marcelo Firmo França, titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), as agressões foram confirmadas pela menina após a mãe e a avó da criança denunciarem o parlamentar.
Os crimes aconteceram entre 2010 e 2013, quando a vítima tinha de 3 a 5 anos. Junto ao inquérito enviado ao Ministério Público com diversas provas e laudos periciais, a polícia pediu a prisão preventiva do parlamentar.
Se condenado, Jairinho pode ter a pena aumentada de um sexto até um terço por ter praticado tortura majorada, um termo usado para definir agravantes do crime que estendem o tempo de reclusão, que, no caso do político, pode chegar a até oito anos.
Entre os agravantes mencionados no parágrafo 4º do artigo 1º na lei 9.455/97 estão tortura cometida contra crianças, gestantes, portadores de deficiência, adolescentes ou maiores de 60 anos, além de agressões aliadas a sequestro.
A menina, atualmente com 13 anos, é filha de uma cabeleireira que começou a se relacionar com Jairinho há cerca de 10 anos.
Em seu relato, a criança contou que teve a cabeça batida contra a parede de um banheiro em uma ocasião e afundada na piscina em outra.
"Esse caso serve para corroborar o perfil violento do Dr. Jairinho contra crianças e filhas de pessoas com as quais ele tem relacionamento amoroso", disse o delegado Felipe Curi ao comentar as acusações contra o vereador.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, em depoimento no dia em que foi preso, o político negou "conhecimento dessa criança ter se machucado".
"Mas isso foi desconstruído com as provas materiais e o depoimento especial da criança", explicou Adriano França, delegado titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV).
Uma das testemunhas ouvidas pelos agentes foi a avó da vítima. Para a polícia, ela contou que ao perguntar para Jairinho sobre o machucado na testa da menina, o político teria dito "que o ferimento foi provocado por uma batida no console do carro após uma freada brusca durante a ida a um shopping".
Em um outro episódio a menina apareceu em casa com o braço imobilizado.
Segundo a avó, o vereador relatou que ela teria se machucado na aula de judô. Mas o professor da academia, chamado para prestar esclarecimentos, disse não se lembrar de tal situação.
Além deste inquérito finalizado, a Polícia Civil ainda investiga uma outra denúncia de agressão, contra um menino, também filho de uma mulher com quem Jairinho se relacionou.
Neste episódio, a criança, que já foi ouvida pela polícia, relatou que o vereador colocou um pano e papel em sua boca, o deitou em um sofá e teria pisado sobre seu corpo.
A mãe do garoto também destacou outra situação, em que o filho torceu o joelho em um momento que estava sozinho com o padrasto. Na época, o político ligou para ela dizendo que havia levado a criança pro hospital e que os médicos constataram uma fratura no fêmur.
Durante a coletiva realizada na tarde de hoje, a Polícia Civil deixou claro ainda que o inquérito de hoje não tem relação com o caso de Henry Borel.
"Essa investigação surgiu no bojo do caso Henry", disse o delegado Curi.
Portanto, o pedido de prisão preventiva feito pela polícia não interfere no inquérito que ainda segue em andamento na 16ª DP (Barra da Tijuca) apurando a morte do menino, filho da então namorada de Jairinho, Monique Medeiros.
Polícia abre novo inquérito
Ao longo das investigações que resultaram na conclusão deste inquérito, a mãe da menina relatou que também sofria violência doméstica.
O delegado Adriano França disse ainda que descartou a possibilidade de omissão da mulher.
"Foi aberto um novo inquérito na DCAV contra a violência doméstica. A mãe é tratada como vítima de agressão. Dessa criança específica não houve omissão da mãe", justificou ele.
Perfil violento
Para Adriano França, as investigações tornaram possível traçar um perfil do parlamentar.
"Da mesma forma que era violento, tinha o lado carinhoso, mas somente no âmbito social, em festas ou na frente da mãe. O perfil dele era na clandestinidade. O perfil é de crianças da mesma faixa etária e as lesões praticadas, isso chama a atenção. Essas crianças narraram agressões semelhantes".
Procurado pelo UOL para comentar o assunto, o advogado Braz Sant'Anna, que representa Jairinho, ainda não se pronunciou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.