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Bebê que seria vendido na Bolívia por R$ 7 mil é resgatado em Mato Grosso

Bebê foi resgatado antes de ser vendido na Bolívia - GCCO/divulgação
Bebê foi resgatado antes de ser vendido na Bolívia Imagem: GCCO/divulgação

Ed Rodrigues

Colaboração para o UOL

20/05/2021 15h46Atualizada em 21/05/2021 08h54

Às vésperas de ser levado para a Bolívia, onde seria vendido, um bebê recém-nascido foi resgatado em Cuiabá (MT). A criança foi gestada enquanto a mãe era mantida em cárcere, segundo a Polícia Civil. Mas, ainda segundo a polícia, ela também tem responsabilidade sobre o crime e recebeu R$ 7 mil para entregar a criança.

A mulher apontada como responsável pela transação com o grupo boliviano foi presa no fim da noite de ontem. Em depoimento, ela negou que levaria o menino para o exterior.

"Ela falou não levaria a criança, mas confirmou todo restante da história. A mãe de garoto é de São Paulo e estava Cuiabá em um apartamento alugado pela suspeita. A mãe recebeu os R$ 7 mil no momento que entregou o bebê", contou delegado Vitor Hugo Bruzulato ao UOL.

O delegado explicou que a irregularidade começou já na maternidade.

"Na hora de ter a criança, a mãe entregou o documento da suspeita na maternidade no lugar do dela, já para facilitar o registro por outra pessoa", disse.

A mãe e a suspeita não tiveram as identidades divulgadas. A polícia ainda procura pela mãe do bebê.

Segundo a investigação da GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado), toda a negociação de compra do garoto foi realizada pelas redes sociais.

De posse dos registros, os agentes da GCCO iniciaram uma apuração que terminou na identificação da mulher que ficaria com o recém-nascido.

"Então, nós identificamos a suspeita pelo hospital onde o menino nasceu. Sabíamos que a mãe é deficiente auditiva, mas o documento apresentado não tinha esse indicativo", continuou o delegado.

"Seria uma adoção conhecida como 'à brasileira'. O que isso significa? A mulher que gera o filho em seu ventre não é a mesma que registra ele no cartório. Ela entrega a outra pessoa, que faz o registro de forma irregular", disse.

Investigação

A mãe da criança foi mantida em cárcere durante a gestação para não desistir do acordo, apontou o delegado. A investigação identificou ainda indícios de tortura.

A equipe localizou a residência onde a criança foi deixada e realizou o resgate na última quarta-feira (19).

"Encontramos o menino com a irmã da suspeita, que confirmou toda história da Bolívia. A mãe entregou a criança no dia do parto, 20 de abril."

O policial civil acrescentou que os trabalhos investigativos continuam até que a organização especializada na venda de crianças seja desarticulada.

A mãe do bebê e a mulher responsável pela negociação com o grupo boliviano serão indiciadas pelo crime de Parto Suposto, previsto no artigo 242 do Código Civil.