Falso médico é acusado de golpe financeiro por ex-namoradas em 4 estados
Um homem de 29 anos é acusado de estelionato pelas ex-namoradas em pelo menos quatro estados. Diego Aparecido Alves dos Santos se passava por advogado, engenheiro civil e médico para conquistar a confiança das vítimas e subtrair bens de valores e dinheiro.
O grupo de ex-namoradas que o acusa estima que houve mais de dez mulheres vítimas. A reportagem procurou Diego por telefone, na sexta-feira, mas não houve retorno. Ele retornou às ligações após a publicação e negou as acusações (leia mais abaixo).
Ao UOL, elas contaram com exclusividade como os golpes aconteciam. Diego procurava vítimas em eventos considerados de alto padrão. Ele andava com carros de luxo alugados e se vestia com roupas de marca. Além disso, costumava enviar fotos às vítimas com roupas condizentes à profissão que dizia exercer e seduzia com falsas promessas.
As ex ouvidas pela reportagem são de Bahia, Minas Gerais, Paraná e São Paulo. Elas ainda apontam ameaças de morte por parte do suspeito.
Suspeito usa PCC em ameaça
A vítima mais recente é uma dentista de 26 anos de Salvador. Ela conta que conheceu Diego em um bar e ambos namoraram por três meses, entre fevereiro e abril deste ano. O suspeito disse que era engenheiro civil em Camaçari (BA) e estudante de medicina.
"No início, se passou como humilde, depois passou a contar vantagem, aparecendo com vários carros e dizendo que era de família muita rica", relata.
A dentista conta que ela e a família sofreram golpes que somam R$ 11,8 mil. "Meu irmão tinha um dinheiro guardado para dar de entrada em um carro. Ele [Diego] viu como uma oportunidade e disse que tinha um para vender, mas não existia. Pegou o dinheiro do meu irmão e levou", lamenta.
Além do prejuízo, a dentista conta que recebe áudios com ameaças. "Falou para o meu pai que iria explodir minha casa, que daria um tiro na cabeça dele e que, se eu e as meninas não tirássemos o Instagram [criado para denunciá-lo] do ar, nunca mais eu iria tirar um dente", afirmou.
O UOL teve acesso ao áudio citado, em que se ouve. "Já puxei a 'capivara' do seu primo aqui com os irmãos do PCC e estão loucos para matar". A dentista registrou boletim de ocorrências na Polícia Civil da Bahia há menos de um mês. A corporação informou que já ouviu testemunhas e que busca localizar Diego para realizar a oitiva e dar andamento às investigações.
Em MG, golpe de R$ 25 mil
Em Paraisópolis (MG), uma vítima de 30 anos registrou um boletim de ocorrência contra Diego, em 2018. Eles se conheceram em Campos do Jordão (SP) e, em três meses, casaram no civil. Diego afirmou que era administrador e cuidava da fazenda da família em Paraibuna (SP).
"Se passava por uma pessoa ótima, de família, filho de empresário e de professora. Jurava amor eterno, queria construir uma vida junto e dizia que eu teria um futuro promissor com ele", narra ela.
O casal celebrou a união em 18 de outubro de 2018, mas o matrimônio durou um mês. Foram 30 dias de golpes, conta a vítima. As mentiras foram descobertas após uma ex-namorada procurá-la.
"Ela mandou mensagem para a minha irmã nos alertando sobre quem ele era. Nisso, ele já tinha saído de casa e nunca mais voltado", lamenta, a mulher que luta na Justiça para anular o matrimônio, já que Diego não apareceu mais para assinar o divórcio.
"Não recuperei nada", afirma ela, que diz ter perdido R$ 25 mil em empréstimos, aluguel de casa e compras realizadas por ele.
O UOL buscou contato com a Polícia Civil mineira para saber o andamento da investigação e aguarda o contato.
Relacionamento abusivo
Uma advogada de 37 anos, de Itanhaém, litoral paulista, contou ao UOL que ao longo de quatro meses de namoro, a partir de meados de 2019, Diego a fez perder R$ 10 mil.
O valor é a soma de compras não pagas em nome da advogada e um notebook levado após sair da casa dela depois de ser descoberto. "Ele conquistou a família, todo mundo a amava. Falou que queria casar. Eram várias promessas."
A advogada desconfiou ao ver o nome dele em processos judiciais. Ela diz que vivia um relacionamento abusivo. "Ele vivia em cima, impressionante", conta. A pesquisa a fez conhecer outras mulheres pela internet que passaram pelo mesmo drama.
Família fez grupo de WhatsApp com ex
Diego também teria feito vítimas em Foz do Iguaçu, no Paraná. Uma auxiliar administrativa de 31 anos o namorou por três meses após o conhecê-lo no Carnaval de 2019. O suspeito teria forjado um assalto para justificar a falta de dinheiro.
O golpe contra a vítima e a família dela soma R$ 12,5 mil. "Uma prima pegou o nome da ex-esposa dele e descobriu tudo. Fizemos um grupo no WhatsApp com a ex e a família toda, o chamamos e ele confessou. Meu mundo desabou", declara. Ambos já tinham até casamento marcado.
A mulher conta que ainda não procurou a polícia contra Diego por medo.
Suspeito nega
O UOL buscou falar com Diego na sexta-feira (21) por telefone, mas não obteve resposta. Também houve a tentativa pelas redes sociais, mas o perfil encontrava-se restrito. Ele retornou hoje após a publicação da reportagem.
O suspeito negou que fingia profissões e que causou prejuízos a todas as ex-namoradas ouvidas, porém confirmou ameaças de morte por "nervosismo".
"Eu peguei o dinheiro, mas não fugi, não. Eu cheguei a propor pagar parcelado. Não disse que tinha carro para vender, mas que iria atrás de um. Precisei desse dinheiro e gastei. Sobre as ameaças, falei no nervosismo, mas sou incapaz de algo. Se puxar minha ficha, vai ver que é só estelionato. Não tem agressão. Só essas besteirinhas de estelionato", disse ele, sobre uma vítima de Salvador.
Em relação à ex de Minas Gerais, Diego confirmou que continua casado, mas que não causou prejuízo. "Ela perdeu R$ 25 mil do quê? Não peguei nenhum centavo. Se ela falou que peguei algo, que prove na Justiça".
Diego também negou praticar crime contra as vítimas de São Paulo e Paraná.
"Elas querem mídia e me escolheram como chacota. Não me preocupo porque estou longe, morando na Argentina. (...) Elas querem me prejudicar. Não tiro a razão delas, porque algumas coisas eu fiz mesmo. Agora estão aumentando muito", comenta.
"Esse perfil no Instagram é de pessoas desesperadas para fazer Justiça com as próprias mãos. É muito zoado, poderia ser mais profissional [risos]. Todo mundo vê que aumentaram muita coisa. (...) Não posso tomar medidas contra porque estou com problemas na Justiça com pensão alimentícia", concluiu.
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