Agricultor baiano tenta provar ao governo federal que está vivo desde 2017
José Raimundo Damasceno Costa é agricultor da zona rural de Pedrão (BA), distante cerca de 140 km da capital Salvador. Há quatro anos, ele tenta provar ao governo federal que está vivo.
Seu nome está no Sistema Informatizado de Controle de Óbitos (Sisobi) do governo desde 2017, sendo considerado morto pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pelo Ministério da Agricultura e até por bancos.
Em entrevista para a Rede Bahia, afiliada da TV Globo, o agricultor relatou que faz todo tipo de trabalho e comenta os apelidos que recebe desde que soube que "está morto" para algumas instituições do governo.
"Chego na rua já sabe: é morto-vivo, já morreu, finado, defunto. Agora até já me acostumei, porque só me chamam assim mesmo. Brigar, eu não vou, aí eu levo na graça também", afirmou ele.
A reportagem do "Jornal da Manhã" entrou na casa do agricultor e viu os documentos que afirmavam que ele estava morto.
"Eu descobri, em 2017, que eu estava morto. De lá para cá, só correria para ver se eu ressuscito", brincou José Raimundo.
De acordo com a reportagem, o erro da inclusão do nome de José Raimundo no Sisobi aconteceu devido ao CPF dele estar na Certidão de Óbito da mãe e que o problema seria corrigido quando esse documento fosse atualizado.
Contudo, o agricultor afirma que nem o CPF dele, nem mesmo o da mãe, constam no documento. "O que eu podia fazer [para resolver isso] eu já fiz. Agora só estou dependendo da lei e da Justiça".
Considerado morto para o INSS, o Ministério da Agricultura, os bancos e serviços de saúde, ele continua "bem vivo" para outras instituições, já que ele conseguiu tirar nova identidade em 2015, casou em 2017 e vota em eleições desde 2012.
O UOL fez uma busca no Cadastro Nacional de Falecidos (CNF Brasil), portal que reúne dados de mais de 50 milhões de mortos brasileiros. O nome de José Raimundo consta como se ele estivesse morto desde 19 de agosto de 2011, com registro na cidade de Alagoinhas (BA), distante cerca de 35 km de Pedrão (BA).
"Me sinto um inútil, sem valor nenhum. Qual valor que o morto tem? Um morto está esquecido. Não aguento mais essa situação. Estou contando com a ajuda de Deus e da minha família, é muito difícil", lamentou o agricultor que segue tentando provar que está vivo.
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