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Grávida morre após ser baleada durante ação policial em comunidade no Rio

Kathlen de Oliveira Romeo, de 25 anos, estava grávida de 14 semanas do primeiro filho - Reprodução/Arquivo Pessoal
Kathlen de Oliveira Romeo, de 25 anos, estava grávida de 14 semanas do primeiro filho Imagem: Reprodução/Arquivo Pessoal

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

08/06/2021 17h06Atualizada em 09/06/2021 14h45

Uma jovem de 25 anos foi morta após uma troca de tiros entre a Polícia Militar e traficantes da comunidade do Barro Vermelho, em Lins de Vasconcelos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Kathlen de Oliveira Romeo estava grávida de 14 semanas do primeiro filho.

Segundo a PM, os agentes prestaram socorro e levaram a vítima para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, na mesma região do tiroteio. A corporação disse em nota que policiais da Unidade de Polícia Pacificadora do Lins foram atacados a tiros por criminosos na localidade conhecida como "Beco da 14", dando início a um confronto.

Uma amiga de Kathlen conversou com o UOL. Ela pediu para não ser identificada por ser moradora da comunidade, mas disse que conhecia a jovem desde pequena.

"Uma amiga de infância, que sempre batalhou desde nova, que era orgulho dos pais e estava esperando uma criança. Ninguém aguenta mais essa matança, temos que acabar com essa palhaçada. Mataram uma trabalhadora, uma menina doce e que estava realizada por ser mãe", lamentou a mulher.

Após o ocorrido, familiares estiveram no Hospital Municipal Salgado Filho. Abalada, a mãe da jovem dizia: "a minha filha morreu, a minha filha não".

Já a avó de Kathlen, que se identificou apenas como Sayonara, lamentou o "tiroteio bárbaro" que levou a morte da neta e do bisneto.

"Ela deve servir de exemplo para alguma coisa nesse mundo. Eu perdi minha neta e meu bisneto, bisneta. Não queria ter perdido minha neta e perdi desse jeito estúpido. Ela foi criada em favela, mas trabalhava, era formada. Eu perdi minha neta nesse tiroteio bárbaro que a gente não tem culpa alguma".

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que "a gestante faleceu logo após chegar ao Hospital Municipal Salgado".

Há uma semana, Kathlen, que se identificava nas redes sociais como designer de interiores e vendedora de uma loja de roupas, postou uma foto exaltando a felicidade em ter um filho: "Hoje estou escrevendo esse texto me sentindo muito feliz e preenchida. Obrigada, senhor, por abençoar meu ventre e me permitir gerar o amor da minha vida. Neném, já me sinto pronta pra te receber, te amar e cuidar! Deus nos abençoe", escreveu.

Em sua última publicação, hoje pela manhã, a jovem aparece em um vídeo segurando a barriga, com a legenda: "Bom dia neném".

Nesse momento, a Estrada Grajaú-Jacarepaguá, uma das principais ligações entre as zonas Norte e Oeste, está interditada em ambos os sentidos devido a um protesto de moradores da comunidade. Equipes da Prefeitura do Rio foram acionadas e a Polícia Militar também atua no local. Diversas ruas da região foram afetadas pelo bloqueio.

Segundo a Polícia Militar, após encontrarem a jovem baleada, "buscas foram realizadas na região e os agentes apreenderam um carregador de fuzil, munições de calibre 9 mm e drogas".

Um protesto na Estrada Grajaú-Jacarepaguá após a morte de Kathlen fechou a via, uma das principais ligações entre as zonas Norte e Oeste, por cerca de três horas.