Fazendas abandonadas e comida à disposição de Lázaro dificultam buscas
Fazendas e chácaras abandonadas com alimentos na região de Edilândia e Cocalzinho (GO), no entorno de Brasília, fazem as buscas por Lázaro Barbosa de Sousa ficarem ainda mais difíceis.
Policiais que estão em campo disseram ao UOL que cerca de 70% das propriedades rurais foram abandonadas pelos moradores nos últimos dias.
Com uma extensa ficha criminal, que inclui condenações por homicídio, estupro e roubo, o homem de 32 anos também é suspeito de matar quatro pessoas da mesma família em Brasília, em 9 de junho, e de atacar, na semana passada, uma adolescente e os pais dela. Esses ataques aparentemente randômicos fizeram muita gente deixar a região, temerosa.
Comida, água e cama
Um dos policiais ouvidos pela reportagem contou que as propriedades rurais vazias contêm o que o criminoso mais precisa para esticar sua permanência na região de mata: comida, água e camas.
No dia seguinte, ele pode fazer nova tentativa de furar o cerco delimitado pela força-tarefa composta por policiais federais, rodoviários, civis e militares do Distrito Federal e de Goiás.
A região tem cerca de 20 quilômetros quadrados segundo um policial que está no caso desde o início. A quantidade de agentes —mais de 200, em esquema de revezamento— chama a atenção da população. No entanto, ela não seria suficiente para abarcar todas as propriedades ao mesmo tempo.
De acordo com um dos policiais, a região possui de 200 a 300 mini-chácaras, com sedes e construções destinadas a caseiros, além de galinheiros e áreas para outros animais. Se 70% das chácaras estiverem vazias, haveria de 140 a 210 imóveis abertos à "visitação" de Lázaro.
Assim, é difícil vasculhar todas as propriedades num dia, acrescentou outro agente de segurança. Ele destacou que carne, leite e ovos são justamente os alimentos que dão mais energia para ele.
Criminoso pode estar ferido
No entanto, Lázaro foge da polícia desde o dia 9. E está na mata do entorno de Brasília pelo menos desde o dia 12. Já foi confrontado pelos policiais ao menos três vezes. Em duas ocasiões, agentes foram baleados.
Assim, os policiais acreditam que ele caminha debilitado pelas matas e fazendas da região. A Secretaria de Segurança Pública já divulgou que o foragido possivelmente está ferido.
Um policial afirma que o trabalho tem sido feito com prudência, de forma técnica, para evitar o confronto.
Grutas permitem ser atravessadas
A região cercada pelos policiais tem vegetação de cerrado, típica do Planalto Central. Especificamente no perímetro delimitado pela Secretaria de Segurança, há rios, brejos e matas fechadas. Um policial afirmou que também existem pequenas cachoeiras. Mas também haveria grutas com um quilômetro de profundidade. Elas podem não só esconder uma pessoa como fornecer passagens para o outro lado caso sejam ocupadas pelos agentes de segurança.
É uma região de difícil acesso. Mas Lázaro Sousa a conhece bem. Apesar de ter nascido no norte da Bahia, em Barra do Mendes, Lázaro viveu na região de Cocalzinho. O local é cortado por uma rodovia, a BR-070, e estradas vicinais. Um investigador afirmou crer que o criminoso conhece até as diferenças de terreno e mata entre um lado e outro das estradas, a fim de melhor explorar o método para fugir.
É uma área "muito" extensa na qual Lázaro tem "total domínio", de acordo com um terceiro policial ouvido pela reportagem.
Rádios atendem a uma parte dos policiais
A comunicação melhorou desde a semana passada. A Secretaria de Segurança obteve rádios do Exército via satélite, que funcionam mesmo onde não existe sinal de torres de celular. Mas são apenas 40 comunicadores, de acordo com a pasta, para um conjunto de 200 policiais.
A comunicação entre as equipes de policiais que estão em campo é fundamental. Além disso, há a necessidade de alertar o time que está no do lado de fora do perímetro, no posto avançado no povoado de Girassol.
Policiais temem 'furo' do perímetro
Um dos riscos, avalia um policial, é que Lázaro Sousa consiga furar o cerco, saindo do perímetro definido pelos chefes da operação. Para isso, o modo mais fácil seria atravessar, pela mata, algum "ponto cego" não monitorado pelos agentes.
Hoje, a TV Bandeirantes afirmou que os investigadores ampliaram o perímetro de buscas pelo criminoso. Isso serviria tanto para evitar uma fuga como para corrigir uma falha na estratégia de "contenção".
A reportagem pediu esclarecimentos à assessoria da Secretaria de Segurança Pública de Goiás. Eles serão publicados se forem recebidos. Nesta segunda-feira (21), os agentes receberam mais informes de que Lázaro teria passado em certos locais monitorados, mas eles ainda checam se se tratava mesmo do criminoso.
Segundo a Secretaria de Segurança, o Disque Denúncia recebeu cerca de 1.000 comunicações, mas a maioria eram "trotes" ou "conversas sem relevância para a operação".
Serviço
Se você tem uma informação importante para a captura de Lázaro Sousa, informe as autoridades pelo Disque Denúncia: (061) 9-9839-5284. Não passe trotes ou boatos, porque eles dificultam as buscas.
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