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Patroa de babá que pulou de prédio na BA é denunciada por mais 12 mulheres

Babá saltou do 3º andar de um prédio no bairro do Imbuí, em Salvador, para escapar das supostas agressões - Redes sociais/reprodução
Babá saltou do 3º andar de um prédio no bairro do Imbuí, em Salvador, para escapar das supostas agressões Imagem: Redes sociais/reprodução

Colaboração para o UOL, em Santos

31/08/2021 22h22

Outras 12 ex-funcionárias de Melina Esteves França, ex-patroa da babá que pulou do 3º andar de um prédio em Salvador para se livrar de agressões, procuraram a polícia e denunciaram a antiga contratante por agressões e ameaças, nos mesmos moldes da alegação de Raiana Ribeiro, de 25 anos. A informação foi confirmada pela Polícia Civil do Estado da Bahia.

De acordo com informações obtidas pelo UOL, sete ocorrências foram registradas na 12ª Delegacia Territorial (DT), de Itapuã. Três ex-funcionárias já foram ouvidas.

Na 9ª Delegacia Territorial, na Boca do Rio, outras cinco ocorrências foram registradas em que Melina é apontada como suspeita de agressões físicas e ameaças. As mulheres a denunciam também de tomar seus celulares, não obedecer horários combinados para a execução dos serviços e também por não pagar por dias trabalhados.

Segundo informou a Polícia Civil, o Departamento de Polícia Metropolitana (Depom) está supervisionando e acompanhando todos os casos.

Advogado de Raiana, Bruno Oliveira afirmou ao UOL que passou a cuidar pessoalmente de 8 dos 12 novos casos que surgiram. Das 8 babás, quatro já teriam registrado boletins de ocorrência contra Melina no passado. Uma em 2018, duas em 2020 e uma este ano.
Já as ex-funcionárias que decidiram prestar queixa somente agora disseram que não denunciaram antes porque a ex-patroa as ameaçava, dizendo que "mandaria alguém pegá-las".

Áudios gravados e enviados às ex-funcionárias como forma de intimidação, com xingamentos e ameaças, foram incluídos pelo advogado às provas.

Duas ex-funcionárias chegaram a fazer exame de corpo delito por conta de agressões. Outra babá, idosa, prestou queixa na delegacia do idoso e passou por perícia.

Sobre o caso envolvendo Raiana, Oliveira disse que, no dia anterior à queda da babá do 3º andar do prédio em que trabalhava, a família compareceu ao local, atendendo a um pedido de socorro da vítima, sendo impedida de contatá-la. "Eles ficaram cerca de 4 horas na portaria do condomínio tentando entrar, mas o acesso foi negado e tampouco se prontificaram a localizar Raiana".

O advogado informou que a polícia realizou perícia no apartamento de Melina, apreendendo o seu celular e câmeras encontradas no interior do imóvel. "Tudo será periciado, assim como as imagens fornecidas pelo condomínio".

"Estamos agora buscando provas e evidências e aguardando as diligências solicitadas pelos delegados para o desfecho. Apresentaremos as ações para a responsabilidade na relação de trabalho. Também pediremos danos morais pelos maus tratos e pela situação vexatória a que essas mulheres foram submetidas".

O advogado de Melina, Gabriel Sodré, disse que ainda não foi informado sobre os novos casos. O defensor alegou ainda que irá aguardar a comunicação oficial das acusações para só então se pronunciar.

Vídeo mostra momento em que babá pula do 3° andar para fugir da patroa

Relembre a história

A babá Raiane Ribeiro, de 25 anos, trabalhava cuidando de três crianças em um apartamento no bairro do Imbuí, em Salvador, quando teria pedido demissão e supostamente foi impedida de deixar o local pela ex-patroa.

A vítima contou à polícia que estaria sendo mantida em cárcere privado, após pedir demissão. A patroa não teria concordado com a saída dela, e supostamente a trancou em um banheiro.

A babá relatou que sofreu agressões físicas e ameaças e, para fugir da situação, decidiu sair pela janela do banheiro do apartamento, no 3º andar do prédio, e, então, pular. Ela ainda teria batido no parapeito do segundo andar do edifício, antes de atingir o solo. A queda provocou fraturas nas pernas de Raiane, além de escoriações pelo corpo e rosto.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) informou que abriu inquérito e está acompanhando os depoimentos do caso à polícia. O órgão vai apurar se houve situação de cárcere privado e maus-tratos.

A Superintendência Regional do Trabalho da Bahia (SRT-BA) deve analisar documentos e evidências para apontar os detalhes da relação de trabalho e das condições de tratamento dispensadas à empregada.