Arquiteta flagra raro 'dragão azul' em praia do litoral de SP; veja
Um raro e exótico exemplar de dragão azul foi avistado durante o feriado no litoral de São Paulo, na Riviera de São Lourenço, em Bertioga. Uma arquiteta paulistana que se mudou para a cidade há cerca de três anos fez o registro. Apesar de pequeno, o molusco é conhecido por ser um voraz predador de caravelas-portuguesas e águas-vivas.
Acostumada a fazer caminhadas quase todos os dias pela orla da praia da Riviera, a arquiteta paulistana Dalma Mesquita Ferreira, de 61 anos, sempre se depara com criaturas marinhas trazidas pelas ondas. Porém, geralmente são animais comuns, que vivem na costa. Desta vez, ela encontrou um exemplar de dragão azul (glaucus atlanticus), após tê-lo confundido com um pedaço de plástico.
Apesar de não ser venenoso, ao se ver em perigo ele pode liberar uma toxina que provoca irritação, chegando a "queimar" a pele de quem tocá-lo.
Dalma costuma caminhar pelas praias da Riviera equipada com luvas descartáveis, sacolas plásticas e celular. As luvas e sacolas utiliza para recolher o incontável número de detritos que encontra todos os dias, trazidos pelas ondas. O celular é sua ferramenta de registro.
"Você não tem ideia de quanto lixo eu já encontrei nas minhas caminhadas", disse Dalma ao UOL. "Tem de tudo. Uma vez, encontrei um tênis e, ao retirá-lo da água, encontrei dentro um caranguejo das pedras. Na hora, o recolhi e levei até o Costão de São Lourenço, que é um dos seus habitats por aqui."
E é nessas andanças em busca de lixo para retirar da praia que a arquiteta acaba se deparando com criaturas marinhas trazidas pelo mar, como o dragão azul. À distância, o pequeno animal, com pouco mais de 5 centímetros, se parecia com uma tampinha de garrafa de água, por sua coloração. Quando a arquiteta se aproximou, veio a surpresa.
"Ele estava se mexendo. Muito bonito, com uma pigmentação em vários tons de azul e branco. Sabia que devia ser bem raro e aproveitei para fazer algumas imagens antes que a próxima onda viesse e o arrastasse novamente para o mar".
As imagens foram publicadas pelo filho, o fotógrafo especializado em vida marinha Rafael Mesquita, de 35 anos.
Dalma se diz apaixonada pelo mar e pela vida marinha. Frequenta o litoral paulista desde pequena, pois a família possuía residência de veraneio no litoral sul. No início dos anos 1990, construiu uma casa em Bertioga e, há cerca de três anos, ela e o marido compraram um apartamento na Riviera, onde moram até hoje.
"Eu amo o litoral e a natureza. Acho que as pessoas não conhecem a diversidade de vida que existe por aqui. E, se elas não conhecem, como vão aprender a respeitar? Por isso acho que esses registros são importantes, para que as pessoas conheçam um pouco mais sobre a vida que as cerca", afirmou.
Avistamentos em praia são raros
Laura Simões Andrade, graduada em biologia marinha, mestre em ecologia, e doutoranda em ciências ambientais, explica que o dragão azul (glaucus atlanticus) é um molusco nudibrânquio, ou seja, não apresenta nenhum tipo de concha, e pertence à família Glaucidae, sendo a única espécie do gênero Glaucus.
"Apesar de ser um animal cosmopolita, encontrado em águas tropicais e temperadas como Brasil, Austrália e continente Africano, não é comum encontrarmos o dragão azul em praias brasileiras. Eles são animais pelágicos, ou seja, vivem em alto mar, e flutuam na superfície do mar por apresentarem pouca mobilidade e pouca natação ativa".
Outra curiosidade apontada por Laura é que esses animais são hermafroditas, ou seja, possuem órgãos reprodutores masculinos e femininos no mesmo indivíduo. Se alimentam de cnidários, como as caravelas, que possuem estruturas urticantes, e armazenam o veneno de suas presas para uso próprio, como defesa de predadores.
"Como são animais com pouca mobilidade e flutuam na superfície do mar, eventos como tempestades, correntes, ventos fortes e ressacas acabam os levando até a areia da praia. Ao se deparar com um animal como esse em uma praia, é muito importante que a pessoa não encoste nele".
Laura alerta também que a pessoa deve entrar imediatamente em contato com algum órgão ambiental competente, para que ele seja retirado da faixa de areia e recolhido para a realização de futuras pesquisas científicas.
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