Prefeito do Guarujá é preso pela PF por suposto desvio de verba na Saúde
O prefeito do Guarujá (SP), Valter Suman (PSDB), foi preso no início da noite de hoje pela Polícia Federal, em uma ação da 'Operação Nadar', que apura um possível esquema de desvio de dinheiro na rede pública de saúde. Ele é acusado de desviar verbas repassadas pelo governo federal ao SUS (Sistema Único de Saúde) no município da Baixada Santista.
A PF cumpriu mais de 10 mandados de busca e apreensão na residência de servidores municipais e pessoas ligadas a Suman, incluindo o secretário de Educação, Marcelo Feliciano Nicolau. Nas casas do prefeito e do secretário, os policiais teriam encontrado uma grande quantia de dinheiro em espécie, segundo apurou o UOL. Eles foram levados para a sede da delegacia da Polícia Federal de Santos, para prestar esclarecimentos.
Após horas de depoimento, por volta das 18h30, eles foram levados de camburão até o Centro de Detenção Provisória de São Vicente (SP). O UOL apurou que eles participarão de uma audiência de custódia amanhã (16).
Os agentes chegaram por volta das 6 horas ao Paço Municipal de Guarujá, sede da prefeitura, na Vila Santo Antônio. Eles se dirigiram também ao prédio onde ficam as secretarias municipais.
A prefeitura de Guarujá confirmou que os agentes estiveram mesmo nesses locais, para obter acesso a documentos e processos e ressaltou que aguarda outras informações. Os agentes também estiveram em um prédio de luxo localizado no bairro do Boqueirão, em Santos.
A investigação teve início no começo do ano, quando o Ministério Público do Estado de São Paulo indicou que havia indícios de irregularidades no contrato entre a Prefeitura de Guarujá e a Organização Social Pró-Vida, responsável por administrar a UPA da Rodoviária e outras 15 Unidades de Saúde de Família (Usafa). O caso foi encaminhado ao Ministério Público Federal e para a PF, por envolver dinheiro público.
O UOL tentou contato com a Polícia Federal, para obter esclarecimentos, mas não obteve resposta. Por meio de nota, a delegacia da PF em Santos declarou que não forneceria informações sobre a operação, que é sigilosa.
Procurada, a defesa do prefeito Valter Suman ressaltou que o inquérito é sigiloso e que, por isso, não poderia prestar informações.
Intervenção da prefeitura nos contratos da Saúde
A prefeitura do Guarujá informou, por meio de nota, que soube das investigações apenas a partir de informações veiculadas pela imprensa, tomando conhecimento de que se trata de denúncia acerca da gestão dos contratos que o município manteve com a Organização Social (OS) Pró Vida, que, até março último, geria 15 Unidades de Saúde da Família e a UPA Dr. Matheus Santamaria (UPA Rodoviária).
"A Prefeitura reforça que os contratos em questão sofreram intervenção municipal decretada pelo prefeito Valter Suman, baseada em suspeitas de irregularidades e má gestão por parte da OS, que iam desde o não pagamento de salários, verbas rescisórias e fornecedores até falhas nas prestações de contas e perigo de desassistência ao público", afirma a nota.
"Como não havia atendimento às notificações emitidas constantemente pela Secretaria Municipal de Saúde, o prefeito decidiu pela intervenção, processo que culminou com a desqualificação da OS, decretada em julho, seguida por uma ação civil pública oferecida pelo Município ao Judiciário, na qual é requerida, inclusive, ressarcimento de valores pela OS aos cofres públicos".
Ainda segundo a nota, durante esse trâmite, a prefeitura manteve constante diálogo com o Ministério Público do Estado de São Paulo, comunicando, o tempo todo, as medidas que seriam adotadas.
Por fim, a prefeitura de Guarujá informa que está colaborando com as investigações, fornecendo documentos e informações solicitados pelos agentes da Polícia Federal e aguarda "que sejam feitos os devidos esclarecimentos que demonstrarão a lisura e austeridade de todo o processo que envolve as apurações a respeito da desastrosa gestão das unidades de saúde por parte da Organização Social Pró Vida".
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