Grupo de falso curandeiro é preso suspeito de golpes em idosos de 5 estados
Dez pessoas de uma quadrilha suspeita de aplicar golpes financeiros em idosos em diversas regiões do País foram presas na Bahia esta semana. O grupo abordava as vítimas oferecendo os serviços de um "curandeiro" apelidado de "Don Juan", que poderia "abrir caminhos" e resolver problemas de saúde.
Prometendo "abençoar" cartões de crédito e notas de dinheiro, os golpistas trocavam os cartões dos "consulentes", enquanto os usavam para retiradas e empréstimos em caixas eletrônicos sem o conhecimento das vítimas. As cédulas "abençoadas" eram colocadas em uma caixa e trocadas por papel picado. As informações foram apresentadas em reportagem do Fantástico, da TV Globo.
"Don Juan" seria o nome do personagem criado por Alessandro Ferreira Batista Amorim, considerado pela polícia como chefe do esquema. Ele foi preso por supostamente interpretar o curandeiro que distraía as vítimas e atuaria desde o ano de 2009, segundo a investigação. Até o momento, foram identificadas vítimas em São Paulo, Espírito Santo, Distrito Federal, Minas Gerais e Goiás.
O método
Os parceiros de Amorim frequentavam padarias e lanchonetes para ouvir as conversas dos clientes e selecionar futuros alvos, sempre idosos. Uma pessoa abordava as vítimas, oferecendo os serviços de "Don Juan"; uma segunda chegava, confirmando a narrativa e, mais tarde, outras duas validavam a história para impressionar potenciais vítimas, que, uma vez convencidas, eram levadas a Amorim, que performava uma espécie de "ritual".
Em um dado momento, os cartões bancários eram pedidos com a justificativa de "abrir os caminhos"; eram então embrulhados em papel branco para serem "benzidos" e, num momento de distração, eram trocados por um outro qualquer.
"Eu dei o cartão, ele pegou e enrolou em um papel branco. E passou aqui nas minhas costas", contou, em depoimento, uma das vítimas, ouvida pelo Fantástico. Ele narrou que, após ser benzido, foi convidado a revelar a senha do cartão, o que atendeu prontamente.
"Ele disse que eu podia abrir, usar esse cartão, só depois das 6 horas da tarde", disse outra vítima. O horário era predefinido para gerar o tempo que os golpistas precisavam para realizar saques e transferências em caixas eletrônicos e fugir, antes que a pessoa percebesse.
"Já ficava acertado desde o início qual deles ia até a agência bancária fazer o saque, qual passaria no cartão", afirmou o delegado Brunno Oliveira, que cuida do caso. "Cada vítima, R$ 10 mil reais. Em um mês era R$ 300 mil, R$ 400 mil, aproximadamente. E não raras vezes, até mais", declarou.
Golpe não apenas eletrônico
Um idoso de Marília, no interior de São Paulo, contou que "Don Juan" lhe disse para levar todo o dinheiro que tinha até ele, para que fosse abençoado. "Só em dinheiro, em nota, eu tinha R$ 8 mil e um punhado de moedas".
Durante o atendimento, Amorim teria pedido ao "cliente" que colocasse as notas numa caixa de sapatos e fechasse os olhos. Depois, teria simulado uma oração e, com a vítima ainda de olhos fechados, a trocado por outra, cheia de jornal picado — o que só foi descoberto horas depois. "Eu fiquei apavorado. Era um dinheirinho que eu tinha para viver, para guardar para uma doença, fazer uma compra. Ele levou tudo".
Em nota, a defesa de Amorim afirmou que os indícios de autoria e materialidade dos supostos crimes cometidos pelo seu cliente são mínimos. "Sendo certo que restará demonstrada a sua inocência".
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