Médicos do Emílio Ribas fazem greve e pedem novas contratações
Médicos do Hospital Emílio Ribas paralisaram hoje os atendimentos para protestar contra a falta de profissionais de saúde. Eles pedem mais contratações por concurso público e dizem que o hospital enfrenta "uma grave crise".
Segundo os médicos, será inaugurada em breve uma obra para ampliar o número de leitos do hospital, mas o governo de São Paulo se recusa a contratar 258 profissionais para ocupar os postos. Desde 2015, alegam, não há novas contratações para suprir a necessidade do hospital.
O UOL entrou em contato com o governo do estado de São Paulo, que informou que a unidade "está operando normalmente" e que "todo o seu corpo de funcionários segue trabalhando normalmente e todos os pacientes estão sendo atendidos".
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, foram investidos mais de R$ 9,6 milhões nestes dois anos de pandemia no reforço de profissionais para a unidade, chegando a 181 contratos por tempo determinado.
"A unidade também vem passando pela maior reforma e ampliação de sua história, que aumentará em 34% sua capacidade de atendimento, com destaque para os leitos de UTI que terão capacidade triplicada, bem como quadro profissional suficiente para atender esta nova demanda", informa a nota. (confira a íntegra ao fim dessa matéria)
Às 11 horas, médicos residentes fizeram um ato em frente ao Emílio Ribas. Eles levaram faixas pedindo a valorização do SUS (Sistema Único de Saúde) e "Contra a terceirização".
O presidente da Associação dos Médicos do IIER, Eder Gatti, afirma que, desde 2020, os médicos alertam a diretoria do hospital e o governador João Doria (PSDB) sobre a falta de mão de obra em diferentes áreas.
Com a entrega da obra, esse quadro tende a se agravar mais ainda, já que não são realizados concursos públicos para repor o déficit de profissionais desde 2015. A partir de então, apenas entre os médicos, já ocorreram mais de 40 saídas, seja por exoneração, aposentadoria ou óbito. Este quadro clínico de infectologistas deveria ser reposto por meio de concurso público.
Presidente da Associação dos Médicos do IIER, Eder Gatti
Wladimir Queiroz, diretor clínico do hospital, explica que no auge da pandemia de covid-19, o governo de São Paulo decidiu terceirizar parte do Hospital Emílio Ribas para a organização social SPDM (Associação para o Desenvolvimento da Medicina) e, assim, garantir a prestação dos serviços.
"Em 2022 teremos dois cenários com potencial catastrófico: a obra longeva [de sete anos] chegará ao fim com a abertura de 78 leitos, ao mesmo tempo que a SPDM diminui a sua atuação, já que a pandemia está chegando ao fim e não há mais necessidade de tantos leitos de covid-19. Dessa forma, se já não há recursos humanos para fazer o hospital funcionar, como os atendimentos ficarão diante da retomada de leitos?", questiona Queiroz.
Os médicos afirmam que o Hospital Emílio Ribas pode acabar totalmente terceirizado por organizações sociais, o que pode afetar a qualidade de serviço.
"O governador Doria pouco fez para reparar os erros que cometeu ao longo da gestão do hospital, tanto na obra quanto pela falta de recursos humanos, e agora não realiza concurso público de forma intencional, impedindo que o hospital possa funcionar em sua plenitude", afirmou o presidente Gatti.
NOTA - Secretaria de Estado de Saúde
O Instituto de Infectologia Emílio Ribas está operando normalmente hoje, atendendo plenamente sua demanda. Todo o seu corpo de funcionários segue trabalhando normalmente e todos os pacientes estão sendo atendidos.
A Secretaria de Estado da Saúde vem ampliando os investimentos na unidade. Somente durante a pandemia, com o objetivo de salvar vidas, reforçou o time, por meio de empresa contratualizada, para a ampliação da UTI com 60 leitos e de enfermaria com 24 leitos exclusivos para a Covid-19.
A pasta estadual investiu mais de R$ 9,6 milhões nestes dois anos de pandemia para reforço de profissionais na unidade, somando 181 contratos por tempo determinado. Portanto, em todas as ocasiões em que houve aumento dos leitos e da assistência, o número dos profissionais também teve crescimento com impacto direto na assistência da população.
A unidade também vem passando pela maior reforma e ampliação de sua história, que aumentará em 34% sua capacidade de atendimento, com destaque para os leitos de UTI que terão capacidade triplicada, bem como quadro profissional suficiente para atender esta nova demanda. As obras estão em andamento e até o final da reforma, serão investidos R$ 130 milhões.
Importante salientar que a pasta estadual continuará assegurando os serviços, estruturas e recursos humanos para garantir assistência, já reconhecidos por sua excelência pela população, prezando pelas melhores práticas de gestão e de uso dos recursos públicos.
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