Vendedor acusa gerente do Carrefour de humilhá-lo e diz sofrer bullying
Um vendedor do hipermercado Carrefour acusa uma gerente de humilhá-lo e afirma que sofre assédio moral dela e de outros funcionários da loja em que trabalha. O caso veio à tona após um vídeo em que ele aparece limpando o chão do local viralizou nas redes sociais nesta semana. As imagens foram gravadas em uma loja de Campo Grande, por uma cliente que presenciou a cena.
Nos pouco mais de 20 segundos do vídeo, é possível ver o vendedor Pedro Henrique Monteiro da Silva, de 22 anos, ajoelhado esfregando o chão com um pano. Ao lado dele, uma mulher com um celular na mão parece gravar o vendedor e diz: "Olha aí, só para você esse cara tem valor. Esses meninos não limpam a casa deles". Em seguida a cliente para de gravar a cena.
Segundo Pedro, o episódio humilhante aconteceu no final de setembro - ele não sabe precisar a data. O vendedor afirma que havia acabado de limpar o setor em que trabalha quando foi chamado pela gerente para ajudar a higienizar o setor de eletrodomésticos, já que o funcionário responsável pela área estava de atestado médico.
A reportagem tenta contato com a gerente por telefone e mensagem, e atualizará a reportagem caso ela se posicione sobre o incidente - ela não será identificada até que isso aconteça.
"No chão tinha uma fita que demarcava o distanciamento que deveria ter entre as pessoas por causa da covid-19 e quando tiraram a fita ficou marca de cola no chão. Ela pediu para eu limpar porque o pessoal da limpeza não conseguiu, mas a cola estava antiga e não saía por nada. Isso fez com que ela se irritasse", disse o vendedor ao UOL.
Pedro relatou ainda que, enquanto estava de joelhos tentando limpar o chão, a gerente mandava áudios e fotos para uma supervisora da empresa. Ainda segundo ele, no dia seguinte ao episódio a loja receberia a visita de representantes regionais.
"A equipe de limpeza havia avisado que para tirar aquela cola seria necessário passar uma máquina e que isso só poderia ser feito no outro dia, mas ela [gerente] não quis porque no dia seguinte representantes regionais do Carrefour visitariam a loja", acrescentou Pedro.
Diante das tentativas frustradas de tirar as marcas do chão, Pedro diz que tentou explicar a situação para a gerente. Porém, segundo o vendedor, ela se mostrou irredutível. "Ela falou: 'Não quero saber, quero tirar isso daí'. Sugeri então usar um removedor e pedi uma luva, mas ela disse que não tinha", afirma.
Ainda segundo o vendedor, ele não sabia que havia sido filmado e essa não foi a primeira situação vexatória que vivenciou na empresa.
"Infelizmente, parte da atual gestão age dessa maneira. Me senti humilhado e essa não foi a primeira vez. Outros funcionários também já passaram situações semelhantes, mas precisamos do emprego", disse.
Pedro relatou ainda que depois que a situação viralizou nas redes sociais ele vem sofrendo bullying na empresa e que a situação também afetou a sua vida pessoal.
"Eles ficam fazendo chacotas com a situação, não sei como vou continuar trabalhando em um local assim. Hoje estou fazendo acompanhamento psicológico porque ainda não consigo lidar muito bem com tudo o que está acontecendo. É difícil sair na rua", explica o vendedor.
O que diz o Carrefour
Em nota o hipermercado Carrefour afirmou que repudia comportamentos indevidos de seus colaboradores e acrescentou que a funcionária que aparece no vídeo foi afastada temporariamente.
"O Carrefour repudia todo e qualquer comportamento indevido por parte de seus colaboradores. Estamos apurando o caso internamente e, por ora, houve o afastamento da profissional envolvida. Além disso, estamos em contato com o colaborador prestando toda a assistência necessária. Em relação à suposta orientação para os colaboradores da loja não falarem com o funcionário, esse fato não procede. Em nenhum momento a rede orienta seus gestores a adotarem este tipo de comportamento", diz o comunicado.
Entidades repudiam a situação
A situação vivenciada por Pedro provocou indignação das entidades de defesa dos profissionais do comércio. A Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços de Mato Grosso do Sul e o Sindicato dos Empregados no Comércio de Campo Grande estão acompanhando o caso.
"As diretorias de ambas entidades foram até o Carrefour pedir as providências e conversar também com outros funcionários para saber a extensão do problema. Procuramos também conversar com o funcionário vítima da ação da supervisora, porém foi informado de que ontem ele estava de folga. A entidade vai voltar ao local para conversar com ele para saber detalhes de todo o caso e se há outros envolvidos em atos dessa natureza que fere todas as legislações brasileiras", diz trecho da nota.
As entidades informaram que também pretendem ouvir a gerente afastada.
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