Não recebemos apoio do governo federal após enchentes, diz liderança Pataxó
O governo federal não tem ajudado as comunidades indígenas atingidas pelas fortes chuvas no sul da Bahia. A afirmação é de Emerson Pataxó, liderança jovem do povo Pataxó na região, em entrevista ao UOL News hoje.
"Se tem um governo que não ajuda indígena, é este governo. Nós, que estamos na linha de frente ajudando essas comunidades, não temos visto apoio do governo federal. Temos comunidades que têm como único meio de acesso uma ponte, que foi quebrada", afirmou.
Um dos territórios mais antigos do povo Pataxó, na região de Porto Seguro (BA), ficou completamente isolado em meio à forte chuva que acometeu o sul da Bahia e o norte de Minas Gerais. O único acesso era por meio de uma ponte de madeira, que foi derrubada pela tempestade e ilhou 14 aldeias —entre elas, Boca da Mata, que concentra boa parte dos anciãos da etnia.
A ponte rompeu há cinco dias, isolando por completo uma comunidade que sobrevive da venda e escambo de artesanato. A 134 km do centro de Porto Seguro, a área é cercada por águas.
Milhares isolados
De acordo com Emerson Pataxó, 3 mil indígenas estão isolados no território Barra Velha. "A vulnerabilidade social nessas comunidades já era uma realidade antes da chuva, e, agora, aumenta porque grande parte dos nossos povos vive do turismo, artesanato. Com as fortes chuvas, não temos onde escoar as mercadorias", lamentou.
Em entrevista ao UOL News ontem (13), o professor Pedro Luiz Côrtes, do Instituto de Energia e Ambiente da USP (Universidade de São Paulo), disse que as enchentes registradas no sul da Bahia podem acontecer novamente nesta semana ou no início da próxima. O mesmo pode ser esperado em janeiro de 2022.
"Vamos ter diminuição de chuvas nestes dias, mas isso pode voltar no final desta semana e na próxima, e não se descarta o retorno desse fenômeno em janeiro", alertou o especialista.
Côrtes se refere ao fenômeno climático La Niña, que pode causar desde uma estiagem até chuvas mais intensas, dependendo da região do país. O evento acontece quando correntes marítimas mais frias sobem e chegam à superfície do Oceano Pacífico.
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