Manchas de óleo, covid e chuva marcam estragos a moradores de Olivença (BA)
Com economia baseada no turismo, Olivença, distrito de Ilhéus (BA), se encontra em estado précario —situação esta que foi agravada pelas recentes chuvas no sul do estado, que já deixaram 21 mortos e 77 mil desabrigados.
A 15 km ao sul de Ilhéus, a região tem sua economia baseada no turismo —principalmente devido ao balneário Tororomba— e acumula prejuízos desde 2019, quando manchas de óleo foram avistadas nas praias do Nordeste.
Já o ano de 2020 foi marcado pelo fechamento do comércio, na tentativa de conter o avanço da pandemia de covid-19. Como resultado, os 2 mil habitantes do distrito, dado da Prefeitura de Ilhéus, tiveram ainda mais dificuldades de sobreviver diante da ausência de turistas.
Reforma forçada pelas chuvas
Dona de barraca de praia em Olivença, Moema Maciel, 40, diz que, com o avanço da vacinação contra a covid-19 e a liberação de viagens, a expectativa era de que 100 turistas por dia passassem pelo local aos finais de semana. Porém, com as chuvas que assolam a região, o total não chega a 40 pessoas.
"Em tempos normais, costumamos receber umas 150 pessoas por dia aos finais de semana e umas 50 em dias da semana. Mas agora está muito fraco", diz Moema, que durante a pandemia realizava serviço de entrega de comida em casa para sobreviver.
Apesar de não estar em seus planos a reforma da barraca, afirma que não teve outra escolha. Diante das fortes chuvas, parte da frente do seu estabelecimento foi danificada e ela se viu forçada a gastar R$ 5 mil com uma estrutura de reforço, de emergência. Mais investimentos terão de ser desembolsados, segundo Moema, para reerguer seu comércio em total segurança.
Minha barraca fica bem na direção de onde desce toda a água, que vem da parte alta de Olivença. Então aqui foi atingido por uma enxurrada, que levou até um pé de coco que tínhamos aqui na frente.
Movimento fraco
Proprietária de uma barraca também na praia de Olivença, Alessandra Rios, 41, reabriu o estabelecimento em julho deste ano, após a alta temporada de 2020/2021 com portas fechadas. Ela não teve problemas com as chuvas na barraca como Moema, mas a clientela está bem abaixo do esperado para o final de ano.
"Normalmente, costumava ficar sempre cheio aqui nessa época, sobretudo porque tinham festas à noite e atraia muita gente. Agora, que [tudo] ficou restrito com a pandemia, [a clientela] caiu de vez. Vamos ver no resto do verão", comenta.
Olivença e seu balneário costumam ser frequentados, principalmente, por turistas dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás. Mas, de acordo com comerciantes da região, o movimento no final de ano tem sido marcado, principalmente, por moradores de cidades próximas a Ilhéus.
Nesta terça-feira (28), Lara, de 47 anos, e Jacqueline Soares, de 19, estavam na barraca de Alessandra, apreciando a praia. Mãe e filha, elas moram em Vitória da Conquista (BA) e chegaram a Ilhéus há 10 dias. "Ficamos sabendo das chuvas que tiveram antes de virmos e que poderia ter mais, porém decidimos vir mesmo assim", afirma Jaqueline.
"Nossa preocupação agora é saber como voltar, pois há muitas estradas bloqueadas. Então temos que ver como vai estar a situação daqui pra início do ano, já que vamos passar o Réveillon aqui em Olivença", completa Lara.
Na área do comércio de roupas de Olivença, a situação é parecida com a das donas de barracas de praia. A vantagem é que as lojas ficam em pontos mais altos e, com isso, a água da chuva não chega a acumular. "Nosso problema maior é cliente, que não tem. Tanto tempo fechados por causa da covid; e, agora, essas chuvas...", diz a empresária Damiana Maria.
Casas de veraneio em risco
Um conjunto de casas localizado nas imediações de Olivença está em risco por conta de uma encosta, onde tem ocorrido a retirada de terra por máquinas —seja para abertura de novos lotes para construção de casas quanto para aterramento.
Durante as chuvas que caíram no dia de Natal (25), uma das casas, ainda em construção, foi invadida pela lama, que entrou pelos fundos. Como resultado, a lama quebrou uma das paredes e saiu pela frente da residência. Outras moradias, mesmo já concluídas, também estão sob o mesmo risco.
De acordo com trabalhadores que atuam na construção das casas, o problema é causado pela retirada de terra, que seria para venda a terceiros com vistas ao aterramento. Acima das casas há uma vegetação nativa de Mata Atlântica, que também tem sido suprimida.
Morador de uma casa situada mais abaixo das encostas, Valdinei Lucas de Araújo, 46, diz que a terra tem sido retirada para venda e que tem receios dos prejuízos que isso pode causar aos moradores —especialmente com possíveis deslizamentos de terra.
Ele informa que tem enfrentado diversos problemas de infiltração, assim como outros habitantes da região. "Tem que parar com essa situação, senão o morro vem abaixo e a terra vai invadir tudo".
Roberto Andrade, um dos donos da área onde está localizado o conjunto de casas, disse ao UOL que a informação sobre venda de terra para aterramento não procede.
Ao construir, a responsabilidade é do proprietário do terreno. Portanto, a retirada de material, assim como [a] reposição de material, depende da necessidade de cada um. Com as primeiras chuvas fortes, desceu uma barreira no fundo da construção de um cliente, situação que ele já está resolvendo.
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