'Estou vivo': cantor de pagode é dado como morto em hospital de São Paulo
O cantor de pagode Paulinho Oliveira e sua esposa passaram por apuros no Hospital Municipal de São Vicente, no litoral de São Paulo, para conseguir provar que ele não estava morto. De acordo com laudo fornecido pela unidade, o cantor teria dado entrada no domingo (26) e morrido às 20h17, por decorrência de complicações causadas pela tuberculose.
Prestes a ser registrada junto ao Ministério da Saúde, a declaração de óbito atestava que a causa da morte de Paulo Eduardo dos Santos (seu nome de batismo), de 41 anos, havia sido uma insuficiência respiratória aguda como consequência de uma tuberculose pulmonar.
A esposa de Paulo, Jacira, de 41 anos, conta que na segunda-feira (27), saiu com o marido de carro, logo pela manhã, para comprar uma roupa nova para a filha de 9 anos usar no Réveillon. Por volta das 11h30, o seu telefone celular tocou. Era uma assistente social do Hospital Municipal da cidade, pedindo que ela se dirigisse imediatamente à unidade, para falar sobre o marido.
"Como o irmão do meu marido está desaparecido já há algum tempo, pensamos que pudesse ser alguma notícia relacionada a ele e fomos até o hospital", contou Jacira ao UOL. "Eu achei que podia ser algum engano, mas o Paulo insistiu em irmos até lá".
Jacira diz que deixou o marido aguardando no carro, no estacionamento, e caminhou até a recepção da unidade. Uma assistente social então se apresentou a ela e, com bastante cuidado, informou que o marido havia morrido na noite anterior, por causa da tuberculose.
"Na hora eu fiquei sem ação. Se eu não soubesse que meu marido estava no estacionamento, me esperando no carro, acho que eu teria infartado e quem estaria morta era eu. Expliquei para ela que ele estava vivo, e ela pediu que eu o chamasse", conta a dona de casa. "Quando ele chegou, a assistente social se espantou. Ainda não havia explicação para o que tinha acontecido".
Reconhecimento do corpo
O casal contou para a mulher sobre o irmão do cantor, que estava desaparecido. Ela então pediu a Paulo que fizesse o reconhecimento do corpo, mas ele não quis entrar na sala. Diante do impasse, a funcionária fotografou o rosto do homem morto e registrado com seu nome. Nem Paulo e nem Jacira o reconheceram.
"Eu não sabia quem era, não reconheci a pessoa", contou o cantor ao UOL.
"Mas o que me assombrou foi ler o atestado de óbito com todas as minhas informações ali. Número de CPF, de RG, nomes dos meus pais, endereço, telefone. Os dados eram meus, mas o corpo, obviamente, não. Fazia muito tempo que eu não passava pelo hospital. Há uns 5 anos, eu caí de moto, quebrei a perna e fui atendido na unidade, então eles tinham a minha ficha médica".
A assistente social chegou a questionar o cantor se ele havia perdido documentos recentemente e ele explicou que não, e mostrou os originais a ela.
"Para a nossa sorte, foi o suficiente para comprovar o engano", afirma Jacira.
"A situação foi tão bizarra e surreal, tinha tudo para dar problema", comentou Paulo.
"Na noite anterior, no domingo, eu tinha feito um show e nós não dormimos em casa. Soubemos depois que uma assistente de saúde da Usafa do Parque das Bandeiras, bairro em que a gente mora, esteve em casa na segunda-feira pela manhã. Por sorte e obra de Deus, minha mãe não estava em casa, senão teria recebido a notícia. Ela é idosa, hipertensa. Dá para imaginar o susto que ela levaria?", indaga o cantor.
Apesar do caso ter sido divulgado nas redes sociais do artista com bom humor, em vídeos que explicam aos fãs o que aconteceu de fato, Paulinho Oliveira se diz preocupado com a situação do serviço público de saúde da cidade.
"A situação da saúde aqui no município é lastimável, a gente tem que expor esses erros, até para que o serviço melhore. A gente paga impostos e o que tem em troca é um serviço péssimo".
Engano causado por homônimo
Em nota, a Secretaria de Saúde de São Vicente (Sesau) informou que na manhã de domingo (26) o Samu foi acionado para atender uma pessoa em situação de rua. O socorro se deu às 9h24.
Consciente, ele se queixou de falta de ar e, sem qualquer documento pessoal, identificou-se à equipe como Paulo Eduardo dos Santos.
No Hospital Municipal, o paciente teve uma piora no quadro, vindo a morrer à noite, por insuficiência respiratória causada por quadro de tuberculose, conforme confirmado nos exames realizados.
"Como de praxe, foi verificado no sistema informatizado que uma pessoa com o mesmo nome e idade já havia sido atendida no hospital. Com dados mais precisos disponíveis, a unidade contatou um familiar pelo telefone indicado na ficha, solicitando a comparecer ao hospital, onde foi confirmado que se tratava de um homônimo", diz a Sesau, na nota.
"Ressalta-se que os procedimentos adotados visaram a todo momento a identificação do paciente que faleceu. Por fim, foi gerada uma declaração de óbito sem nome. O corpo foi encaminhado ao IML para identificação documental e procura de eventuais familiares", conclui o órgão, no comunicado.
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