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Réveillon em Copacabana tem arrastões e pessoas esfaqueadas

Ambulância em frente ao Copacabana Palace, onde jovem foi socorrido após sofrer 2 facadas no tórax em uma tentativa de assalto - Daniele Dutra/UOL
Ambulância em frente ao Copacabana Palace, onde jovem foi socorrido após sofrer 2 facadas no tórax em uma tentativa de assalto Imagem: Daniele Dutra/UOL

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL no Rio

01/01/2022 05h08

Após quase dois anos de espera, a volta do Réveillon de Copacabana foi marcada por um público menor que o de costume para a data, 16 minutos de fogos, chuva fraca, arrastões na areia e casos de pessoas esfaqueadas. Em uma tentativa de assalto, um jovem acompanhado da namorada foi golpeado no tórax duas vezes com uma faca de pão. A Secretaria Municipal de Saúde realizou 111 atendimentos, sendo dois casos de ferimentos por arma branca.

Mesmo com policiamento ostensivo no calçadão e em torres de controle, a população sentiu falta dos agentes nas areias da praia. Pela primeira vez com câmeras acopladas nos uniformes e com um efetivo 17% superior a 2019, o policiamento não foi o suficiente para inibir assaltantes.

"A noite foi bem agitada, toda hora aparecia alguém dizendo que tinham levado celular, cordão. Esses assaltantes não estão nem aí se tem mais agentes na rua, se tem câmera ou não no uniforme. Não mudou em nada nossa vida e nem evitou os roubos", disse um policial militar ao UOL, que preferiu não se identificar.

Atendimentos

Com 30 ambulâncias espalhadas pela orla e três postos médicos montados pela Secretaria Municipal de Saúde, até a manhã deste sábado foram realizados 111 atendimentos em Copacabana. Em nota, a pasta informou que a maioria dos casos foram resultado de pequenos traumas ou intoxicação. Oito pacientes com quadros mais graves precisaram ser transferidos para hospitais.

Entre os atendidos estavam os dois homens esfaqueados, que foram levados para os hospitais municipais Souza Aguiar e Miguel Couto. Eles tiveram alta no começo desta manhã.

Também foram atendidos um homem que foi espancado após tentativa de roubo e um outro que foi golpeado com coronhadas na cabeça, segundo informações médicas passadas para a reportagem.

Durante a noite, pelo menos dois homens foram presos em Copacabana. Um deles foi flagrado com uma pistola na altura do posto 4 e o outro foi preso em flagrante após roubar um cordão.

Policiamento reforçado

Neste ano, a Polícia Militar informou ter colocado um efetivo 17% superior ao mobilizado na passagem de 2019 para 2020, antes do início da pandemia de covid-19. Em relação ao número de viaturas, o aumento foi de 14%.

Só em Copacabana, foram empregados 2.482 policiais militares, sendo 160 como câmeras no uniforme, para atuar tanto na orla da Avenida Atlântica como nas ruas internas, um efetivo 21% maior ao que foi mobilizado no Réveillon de 2019 para 2020. Além disso, 30 torres de observação foram instaladas em pontos estratégicos —15 no calçadão e 15 na areia— para auxiliar as equipes.

Turistas aprovam Réveillon do Rio

Daniela Vidal, 31 e Juan Pablo, 35, são chilenos e vieram para o Brasil pela primeira vez para aproveitar o Ano-Novo: " Estamos amando o Brasil, o Rio e a festa de Réveillon. Uma pena que pegamos essa chuva, mas estamos amando mesmo assim", disse a turista ao UOL. " As pessoas são muito amáveis, a cidade é linda. Perigoso todo lugar é, faz parte", disse Juan Pablo, namorado de Daniela.

Pela sétima vez no Réveillon de Copacabana, Graciele de Oliveira Soares, 39, veio do bairro do Tatuapé, zona leste da capital paulista, para passar o Réveillon com a família. Ela e mais seis pessoas chegaram de ônibus na quinta-feira (30) e estão acampados desde então.

"A gente vem pra cá todo ano e geralmente ficamos na barraca mesmo, é mais barato. Como não tinha mais vaga em hotel, o jeito foi montar a barraca mesmo. Dessa vez a chuva atrapalhou um pouco, mas está dando para curtir", disse a paulista ao UOL. "A gente se preocupa com os assaltos, roubos, mas como a gente já faz isso há muitos anos, estamos acostumados. Nos outros anos ficava uma barraca colada na outra. Nesse ano, por causa da pandemia, está vazio", contou.

Sob uma tenda com direito a churrasqueira, Dayana Silva, 32 e Leandro Cléber Batista, 28, vieram de Cuiabá com mais 10 famílias para aproveitar o Réveillon no Rio pela primeira vez: "Levamos 30 horas de carro para chegar aqui, mas valeu a pena. Estamos amando o Rio", disse o turista.

Com um bebê de colo, Dayana conta que amou a cidade e achou tranquila em relação a segurança: "Eu estou vendo o mar pela primeira vez, é lindo demais. Aqui é tudo muito bonito, estamos amando a festa de Copacabana. Todo mundo falou que aqui é perigoso, que tem muito assalto, mas achei bem tranquilo. Não sei perto das comunidades, mas onde estamos hospedados, em Ipanema, é tranquilo", disse à reportagem.

Durante o show de fogos, a emoção tomou conta das pessoas que estavam na areia. Entre fotos, vídeos e abraços, era possível ouvir grupos alertando o perigo de arrastões durante a queima, já que muitos se distraíam nesse momento.

Após os 16 minutos do espetáculo, a chuva fraca voltou a cair, mas não desanimou o público que continuou nas areias e no calçadão. Às duas da manhã, a festa em Copacabana parecia não ter fim para a maioria das pessoas.

Quem decidiu voltar para casa no meio da madrugada precisou andar de Copacabana a Botafogo, cerca de 2 km, para conseguir pegar ônibus.